cine sexo: Estupro no cinema pode?
[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Doce-vingança.jpg”] Outro dia vi uma chiadeira na internet por causa de um pôster de “X-Men: Apocalipse” em que o vilão aparece estrangulando Mística, personagem de Jennifer Lawrence na franquia. A reclamação dava conta de que o cartaz incitava a violência contra a mulher. Peraí! A que ponto chegamos? O cartaz de um filme de […]
[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Doce-vingança.jpg”]
Outro dia vi uma chiadeira na internet por causa de um pôster de “X-Men: Apocalipse” em que o vilão aparece estrangulando Mística, personagem de Jennifer Lawrence na franquia. A reclamação dava conta de que o cartaz incitava a violência contra a mulher. Peraí! A que ponto chegamos? O cartaz de um filme de ação bobinho, de classificação 10 anos, com heróis e vilões que fazem muito pior nas HQs estaria incitando violência contra a mulher?!
Confuso o leitor se indaga: Mas o que isso tem a ver com sexo? Há muito tempo advogo por aqui que vivemos tempos de intensa e problemática correção política. Na vida e no cinema e que isso poda a liberdade criativa para tratar de sexo na sétima arte.
Peguemos agora o caso do estupro coletivo no Rio de Janeiro. Uma barbárie que nos deixa indignados, enojados e abatidos. Mas daí a defender que filmes não tenham mais cenas de estupro é outra coisa. Uma coisa não implica na outra. Recentemente, a série “Game of Thrones” enfrentou duras críticas e ameaças de boicote por veicular cenas de estupro, nada muito gráfico, diga-se, totalmente justificadas no contexto dramático e narrativo da série. Quem não se lembra da polêmica despertada em Cannes no ano de 2002 com “Irreversível” de Gaspar Noé? Lá, o grafismo de uma demorada cena de estupro objetiva o choque, mas a arte deve ser independente para fazer seus próprios julgamentos e ser louvada ou rejeitada como arte, não como outra coisa fora de seu escopo.
O radicalismo que vivemos, principalmente na esfera das redes sociais, desejar tudo controlar. É um momento perigoso para o cinema que, antes de ser arte, é negócio.
Pode-se discutir o mérito de um filme como “Doce Vingança”, em que a protagonista é vítima de um estupro coletivo e volta para liquidar um a um seus agressores, mas não se pode atacar genericamente o cinema. Datado de 2010, “Doce Vingança” não enfrentou críticas quando de seu lançamento. E o filme foi bem visto nos EUA e hit no home vídeo no Brasil. Ganhou, inclusive, duas sequências. Trata-se de entretenimento que oferece tensão e catarse. Viu a sinopse e sentiu-se nauseado? O critério supremo e democrático persiste. Não assista.
Se nos deixarmos paralisarmos por questões como essa, sustemos videogames, peças de teatro que tratem desde traição a antropofagia e tudo o mais que for arte que pode ser taxado como mau-exemplo. Se não nos atentarmos, para combater um viés fascista, lançaremos mãos de métodos ultra fascistas.