Cassia Alves | 1 de fevereiro de 2016

cine sexo: “A Garota Dinamarquesa” ilumina nascimento da transexualidade com afeto

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/02/a-garoa.jpg”] A transexualidade já foi abordada pela coluna anteriormente. Há quem diga que 2015 foi o ano transgênero. Uma assunção diretamente relacionada ao fato de que a cultura pop abraçou o tema de maneira sem precedentes. Da premiada série “Transparent” ao culto a Caitlyn Jenner, a “causa” jamais esteve em tanta evidência. Pode ser […]

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A transexualidade já foi abordada pela coluna anteriormente. Há quem diga que 2015 foi o ano transgênero. Uma assunção diretamente relacionada ao fato de que a cultura pop abraçou o tema de maneira sem precedentes. Da premiada série “Transparent” ao culto a Caitlyn Jenner, a “causa” jamais esteve em tanta evidência. Pode ser coincidência, mas o filme que trata da primeira cirurgia de redesignação sexual já registrada no mundo chega com todo esse contexto favorável.

“A Garota Dinamarquesa”, que estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 11 de fevereiro, concorre a quatro Oscars – incluindo melhor ator para Eddie Redmayne. Redmayne dá vida a Einar Wegener, um prestigiado pintor da Dinamarca do início do século XX, que vive uma relação de cumplicidade com sua esposa, a também pintora Gerda Wegener (Alicia Vikander), tão entusiasmante quanto aparentemente idílica.

Ele pinta paisagens, ela retratos. Belo dia, ele é instigado por ela a posar com meia calça e uma sapatilha, para substituir uma modelo faltosa. Aquele momento de descontração leva a uma brincadeira mais elaborada pela intimidade daquele casal tão libertino para a rigidez da época.

Internamente, no entanto, Einar vê crescer um profundo sentimento de inadequação a seu corpo. Ele rapidamente nota que era algo que já estava lá, adormecido. Mas o que era? Para a audiência é bem claro, afinal, nós já temos formatados o conceito de transgênero e, apesar da resistência de muitos, a noção de transexualidade já é plenamente difusa e compreendida. Mas não naquele contexto de Einar. Quem era Lily (como nomeia sua versão feminina)?

Materialização de algum tipo de esquizofrenia ou algo que a ciência, àquela altura, ignorava por completo?
O filme de Tom Hooper, muito sensível e delicado, tangencia essa busca por si mesmo com alguns clichês, é verdade, mas também com muito desprendimento em entender pelo que Einar passava e observar sua coragem em dar vida a Lily naquelas circunstâncias tão desfavoráveis.

“A Garota Dinamarquesa” não é exatamente um grande filme, mas é um filme relevante, muito bonito e de uma humanidade irresistível. Falar de sexo, afinal, não é apenas abordar o tema matemática e historicamente, mas fazê-lo também em sua subjetividade. “A Garota Dinamarquesa” ilumina a transexualidade com a necessária objetividade de quem respeita a subjetividade alheia.