Henrique Balbi | 20 de janeiro de 2016

cine reflexão: Muletas imaginárias

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/01/Naufrago.jpg”] Estar sozinho num momento de extremo risco e com um sentimento de desespero e derrota não é uma situação simples de ser vista. O presságio do fim vem, muitas vezes, acompanhado de muletas que sustentam o indivíduo até uma escapatória – ou até uma tragédia. No cinema temos retratados de forma distintas (mas […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2016/01/Naufrago.jpg”]

Estar sozinho num momento de extremo risco e com um sentimento de desespero e derrota não é uma situação simples de ser vista. O presságio do fim vem, muitas vezes, acompanhado de muletas que sustentam o indivíduo até uma escapatória – ou até uma tragédia.

No cinema temos retratados de forma distintas (mas repletas de semelhanças) algumas situações de personagens que beiraram a loucura e driblaram o destino para – ao menos – tentar alcançar uma salvação ou conviver com suas histórias improváveis.

Em “Náufrago”, com Tom Hanks, o personagem Chuck passa por um acidente durante uma viagem de trabalho e acaba preso em uma ilha deserta durante quatro anos, enquanto todos acreditam que ele estaria morto. No filme, como bem sabemos, Chuck cria um personagem em uma bola da marca Wilson, que passa a ser seu companheiro de conversas e amigo imaginário durante todo o tempo que passa isolado da humanidade.

Já em “127 horas”, com James Franco, o personagem principal – e quase único condutor do filme – fica com a mão e uma parte do braço direitos presos em uma pedra ao fazer uma trilha por um canyon deserto, o que o impede de sair do (literalmente) buraco em que estava enfiado. A partir daí, dá-se um a luta pela sobrevivência, que se encerra com a necessidade de amputar seu braço para sobreviver à tragédia. Neste caso, o personagem acaba se apegando não a um amigo fisicamente criado, mas a si mesmo, confiando no seu humor e sarcasmo como escapatória para momento vivido.

Dentre outros tantos exemplos, como “Gravidade” e “Interestelar”, o que conseguimos captar é uma necessidade humana por não se sentir abandonado em um momento difícil. Precisamos uns dos outros – de familiares, amigos, colegas – e quando não temos nada e nem ninguém que possa nos ajudar, criamos nossos próprios espelhos para que possamos nos apoiar e seguir em frente.

E, apesar de estes exemplos citados envolverem tragédias, é fácil imaginar como criamos nossas muletas mentais para enfrentar situações e problemas cotidianos, certo? Falar sozinho faz parte deste nosso truque das muletas imaginárias.