Eric P Sukys | 1 de dezembro de 2015

cine remix: Chico e seus xarás – 5 filmes de Franciscos

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/12/cine-remix-chico-buarque.jpg”] Músico, escritor e muso, Chico Buarque é o assunto do documentário “Chico – Artista Brasileiro”, que estreou na quinta (26). Cine-Remix sabe que não adianta falar sobre o cantor: é difícil encontrar quem não tenha uma opinião formada, seja positiva, seja negativa. Por isso, tomamos o compositor como mote. Ele nos serviu de […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/12/cine-remix-chico-buarque.jpg”]

Músico, escritor e muso, Chico Buarque é o assunto do documentário “Chico – Artista Brasileiro”, que estreou na quinta (26). Cine-Remix sabe que não adianta falar sobre o cantor: é difícil encontrar quem não tenha uma opinião formada, seja positiva, seja negativa. Por isso, tomamos o compositor como mote.

Ele nos serviu de inspiração para sugerir/imaginar cinco outros filmes, que poderão/poderiam ser lançados em breve. Emprestamos o nome do cantor, recrutamos seus xarás e nos perguntamos: qual gênero cinematográfico melhor daria conta de cada Chico? Confira:

Chico Bento
Reality show, programa de auditório, vlog. O caipira mais famoso dos quadrinhos brasileiros não é estranho ao Cine-Remix, que já imaginou um filme noir com ele (Sin City – O Caipira Fatal). Mas dessa vez imaginamos o querido Chico Bento num terreno conhecido. Ele se tornaria uma espécie de apresentador e comentarista de televisão, avaliando a programação brasileira que se passa na roça. Recuperaria os filmes de Mazzaropi: “rio muito com esse hômi, sô!”. Daria dicas ao Globo Rural: “ara, mai que imagem mais feia da Mimosa!”. Participaria das provas de A Fazenda: “num fique com nojo do estrume do porco, é adubo!”.

Chico Science
Cinebiografia videoclípica experimental. O ícone do manguebeat é a opção mais próxima de Chico Buarque, já que também era músico e também escreveu letras marcantes. Mais interessante que um documentário, porém, seria honrar o viés experimental do trabalho de Chico Science, com uma mistura de linguagens inspirada na proposta artística do cantor. Imaginem: videoclipes do Nação Zumbi entrecortados com as notícias da morte do cantor. Justaposições de imagens de shows com documentários sobre a vida dos animais no mangue. Animações em 3D montadas com desenhos 2D, em painéis psicodélicos que recriariam o maracatu tradicional de Pernambuco, de onde brotaria do solo lamacento a figura de Chico Science. Imagens do Brasil atual, ao som das guitarras pesadas e da percussão retumbante da música Da Lama ao Caos.

Chico Xavier
Suspense psicológico. A vida do médium mais famoso do país já virou um filme, sucesso de bilheteria em 2010. Mas o tom é dramático, próximo das cinebiografias tradicionais – por que não subverter? E se o filme retratasse um garoto comum, também chamado Francisco, que começa a receber visitas do espírito de Chico Xavier? Os pais do menino não saberiam o que acontece, nem os médicos a quem o garoto é levado. A tensão cresce ao se perceber que o espírito de Xavier traz consigo outros, de quem ele mesmo é veículo: o menino encarnaria, a cada vez, dois, três, até quatro pessoas. O espectador ficaria na mesma situação dos pais, em dúvida se se trata do sobrenatural ou de um fenômeno ainda não explicado pela ciência (ambos, provavelmente).

Chico Picadinho
Terror, slasher film. Se as devidas autorizações legais fossem conseguidas; se alguém tivesse o estômago de preparar roteiro; se outra pessoa conseguisse financiar essa empreitada; se as produtoras se animassem em providenciar a filmagem; se a distribuidora se arriscasse a preparar o lançamento; se os exibidores se decidissem por colocar o filme em seus cinemas; se nada desse errado no meio do caminho, é possível que se fizesse um autêntico slasher brasileiro, na linha de A Hora do Pesadelo ou Sexta-feira 13. Mas quem sabe se ficaria bom? E, pior, o que aconteceria com a equipe se não ficasse?

Chico Anysio
Drama, documentário. Aproveitando que Bruno Mazzeo, filho de Anysio, revisitou a personagem do professor Raimundo, o filme poderia explorar essa relação do duplo, no caso pai e filho. Neste misto de making of com ficção, acompanharíamos a desintegração psicológica de Mazzeo, assombrado pela figura do pai. Nas reuniões de roteiro, o filho insistiria em manter uma cadeira vazia, representando a pergunta: “O que Chico Anysio faria?” No set, pediria que lhe chamassem de Raimundo, ou de Chico, qualquer coisa que não Bruno. A cena final, à Birdman, teria Mazzeo caminhando de cuecas em Copacabana, vestindo a peruca do professor e aos berros: “E O SALÁRIO, Ó! E O SALÁRIO, Ó”. Nos créditos, versos de Drummond: “Mundo mundo vasto mundo / se eu me chamasse Raimundo / seria uma rima, não seria uma solução”.