Cassia Alves | 2 de novembro de 2015

cine sexo: O cinema indo além do #primeiroassédio

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/11/menina-má.jpg”] Os últimos dias foram preenchidos por um tema muito forte na web, em geral, e nas redes sociais, em particular. Trata-se da campanha #meuprimeiroassédio motivada por todo um imbróglio envolvendo o programa “MasterChef Júnior”, a percepção da sexualidade na pré-adolescência e o abuso sexual inerente as mais rotineiras atividades cotidianas. Longe de qualquer […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/11/menina-má.jpg”]

Os últimos dias foram preenchidos por um tema muito forte na web, em geral, e nas redes sociais, em particular. Trata-se da campanha #meuprimeiroassédio motivada por todo um imbróglio envolvendo o programa “MasterChef Júnior”, a percepção da sexualidade na pré-adolescência e o abuso sexual inerente as mais rotineiras atividades cotidianas.
Longe de qualquer polêmica, mas atento e disposto a problematiza-la, convido o leitor a refletir sobre a questão, apesar do destaque, tão pobremente abordada nas redes sociais, pelo viés do cinema – sempre tão rico e plural tematicamente.

Dirigido por Ben Affleck e lançado em 2007, o thriller “Medo da Verdade”, adaptado da obra de Dennis Lehane, dá uma boa dimensão de como uma discussão dessa natureza sai dos trilhos facilmente. Na fita, estrelada por Casey Affleck, Ed Harris, Amy Ryan e Morgan Freeman, uma criança é sequestrada e um detetive particular segue uma linha investigativa diferente da polícia. Sua investigação vai revelar uma maneira perturbadora de se lidar com o abuso infantil.

Já o filme dinamarquês “A caça” (2012), mostra como a mente fértil de uma criança e o afã por agir em manada presente em nossa sociedade podem precipitar injustiças e tragédias. Estrelado pelo excelente Mads Mikkelsen e dirigido por Thomas Vinterberg, o filme mostra como a vida de um professor vira um inferno depois que ele é tido como suspeito de abusar sexualmente de uma menina.

O outro lado dessa moeda é mostrado em “O Lenhador” (2004), vigoroso filme de Nicole Kassell em que Kevin Bacon vive um pedófilo condenado que precisa se reajustar à vida em sociedade depois de sair da prisão. O drama acompanha o flagelo, emocional e psicológico, do personagem e a dificuldade que é, para ele, andar por um parquinho.
O tema é abordado, com inventividade, em “Meninamá.com” (2005), um dos primeiros trabalhos da hoje ativista Ellen Page no cinema. Page vive uma menina que decide torturar um homem que pode potencialmente ser um pedófilo. O filme inverte as expectativas e os papeis de presa e predador entregando uma reflexão para lá de oportuna.

Mais recente e pedagógico, o nacional “O silêncio de Lara” (2015) é um média-metragem patrocinado pela igreja adventista com o objetivo de alertar para os perigos do abuso sexual e da necessidade de se discutir a respeito no seio familiar. O filme parece daqueles feitos pelo Ministério da Saúde, tamanho o seu amadorismo. No final das contas, se apresenta sob medida para uma discussão que está sendo tratada, no fórum midiático, com muita paixão e pouca efetividade.