Guilherme Barreto | 15 de julho de 2015

Exterminador do Futuro:Genesis

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/07/exterminador-genesis-270303.jpeg”] Em 1984, o diretor novato James Cameron criou a mitologia do “O Exterminador do Futuro”, no qual um ciborgue volta de um futuro apocalíptico em que as máquinas dominaram o planeta, para acabar com o líder da humana resistência, John Connor (que, não por acaso, tem as mesmas inicias de James Cameron e […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/07/exterminador-genesis-270303.jpeg”]

Em 1984, o diretor novato James Cameron criou a mitologia do “O Exterminador do Futuro”, no qual um ciborgue volta de um futuro apocalíptico em que as máquinas dominaram o planeta, para acabar com o líder da humana resistência, John Connor (que, não por acaso, tem as mesmas inicias de James Cameron e de Jesus Cristo). Com o lançamento desse primeiro filme, Cameron conseguiu dois feitos: deixar implantado na cultura pop essa ideia das máquinas se revoltarem contra os humanos, e transformar a carreira de Arnold Schwarzenegger, que já havia feito os dois filmes de Conan, deixando-o em um papel icônico como a máquina assassina. Sete anos depois, Cameron lança “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final”, que conseguiu ser melhor que o primeiro filme e um dos longas mais importantes e respeitados dos anos 90. Logo após a saída de Cameron da franquia, O Exterminador teve mais dois filmes: o fraquíssimo “A Rebelião das Máquinas” em 2003 e o dispensável “A Salvação” em 2009. Agora em 2015, temos “Gênesis”, e a impressão que fica é que essa franquia não tem mais para onde ir.

Nesse quinto filme, que ignora completamente os acontecimentos do terceiro e do quarto longa, voltamos ao primeiro: no futuro apocalíptico em que a inteligência artificial conhecida como Skynet está em guerra com a humanidade, o líder da resistência John Connor (Jason Clarke) manda para o passado o soldado Kyle Reese (Jai Courtney) para proteger a sua mãe, Sarah (Emilia Clarke), de um Exterminador (Arnold Schwarzenegger) que volta ao passado para matá-la antes que ela dê a luz ao herói da humanidade. Porém, algo acontece a Connor momentos antes do soldado voltar no tempo e com isso acaba mudando a ordem da história: quando Reese volta para 84, Sarah já aparece como uma guerreira que sabe seu destino e tem como guardião um Exterminador que cuida dela desde que era criança, sendo carinhosamente chamado de Pops, – ou Papi como está na legenda em português -, e Kyle começa a ter novas lembranças na infância em que a Terra não está destruída, mas a Skynet tem alguma relação com uma tecnologia chamada Gênesis. Pra resolver esse mistério Sarah e Kyle viajam até o ano de 2017, para descobrir o que é essa Gênesis.

Soou confusa a história? É porque é mesmo. Até a metade do segundo ato, o longa vai muito bem, recriando cenas do primeiro e do segundo filme, com uma participação muito interessante do T-1000; agora interpretado pelo ator sul coreano Byung-hun Lee. Vemos em “Gênesis” ideias muito boas, mas infelizmente muito mal utilizadas e argumentadas. Do meio pra frente o filme se torna corrido, sem profundidade, com cenas de ação repetitivas, sem criatividade e com explicações idiotas. A própria reviravolta principal – que não vou revelar por motivos óbvios, mas quem viu o trailer do filme já deve ter percebido qual é – não funciona de maneira alguma. Além disso, o roteiro falha em criar algum clima de afeto entre os heróis, não funciona o relacionamento de pai e filha, entre Pops e Sarah, sendo mais motivo de piada do que afetividade. Outra falha no roteiro são os momentos de alívio cômico que são praticamente feitos nas costas de Schwarzenegger como o “robô velho”. Funcionam em alguns momentos, mas pelo carisma do ator.

No elenco o destaque vai para Schwarzenegger, que conhece muito bem o personagem do Exterminador e claramente se divertindo em cena, além de ter um imenso carisma. Já o restante não vai tão bem: Emilia Clarke tenta, mas falta algo em sua Sarah Connor; Jai Courtney é um dos piores atores da atualidade, tanto que a maioria de suas cenas aqui funciona principalmente pelo apoio de outros atores; o ótimo Jason Clarke tem boa presença como John Connor, mas em determinado momento ele soa caricato; e o excelente J. K. Simmons faz um dos personagens mais ridículos de sua carreira, podendo facilmente ter sido eliminado do roteiro.

A direção de Alan Taylor arrisca pouco, mesmo tendo usado como referência o estilo de Cameron. O diretor peca nas cenas do ação, principalmente no uso excessivo de CGI. Nenhuma cena parece ser real, soando artificiais, como algo que um computador tivesse dirigido – em especial uma perseguição de helicópteros que quebram todas as leis da física.

“O Exterminador do Futuro: Gênesis” podia ser muito pior, mas podia infinitamente melhor. Embora tenha boas ideias, elas não funcionam e tudo fica nas costas de Schwarzenegger. Espero que acabe de vez com essa franquia, porque não tem mais o que explorar nela.