Thiago Nolla | 29 de abril de 2015

made for TV: Life Itself – o crítico que virou filme

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/04/Life-Itself.jpg”] No processo de fazer filmes, e do Cinema se estabelecer como a chamada sétima arte, também pipocaram (organicamente ou não) os chamados especialistas, também conhecidos como críticos; com diploma de jornalista, de generalistas ou mesmo cinéfilos puros, essas pessoas buscam descrever sua experiência – incentivando os outros a desistirem antes de tentar ver […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/04/Life-Itself.jpg”]

No processo de fazer filmes, e do Cinema se estabelecer como a chamada sétima arte, também pipocaram (organicamente ou não) os chamados especialistas, também conhecidos como críticos; com diploma de jornalista, de generalistas ou mesmo cinéfilos puros, essas pessoas buscam descrever sua experiência – incentivando os outros a desistirem antes de tentar ver qualquer filme, ou até aumentando a expectativa nessa obra antes mesmo de vê-la.

Nesse momento, não me incomodo de trazer esse texto para a primeira pessoa: gosto de críticos com olhos críticos, com perdão do pleonasmo; que olhem para as obras e vejam qualidades e defeitos, potenciais e vieses, diferenciações de realizadores e respectivos públicos-alvo. Por isso, Roger Ebert era um dos meus críticos de cinema prediletos – enxergava as nuances e entendia as misturas quando elas existiam.

Por ele, vamos abrir uma brecha nessa coluna de filmes feitos pra TV; mas uma brecha com precedente e com motivo: discutir um filme feito com dinheiro televisivo, estreando simultaneamente no cinema e no Vídeo On Demand, e com primeira exibição em um canal de noticiário televisivo. Ainda: uma cinebiografia documental que expõe os últimos dias desse tão conhecido crítico de cinema, considerado o mais popular na história dos Estados Unidos.

Life Itself – A Vida de Roger Ebert foi produzido pela CNN Filmes, e conta com detalhes a jornada desse jornalista que se tornou critico de cinema desde sua entrada Chicago Sun-Time – também passando por seu prêmio Pulitzer e seu extremamente bem-sucedido programa televisivo. O diretor Steve James faz tudo isso enquanto acompanha os meses que foram os últimos desse jornalista, intercalando as experiências de vida com os momentos difíceis no hospital durante um tratamento de um câncer nas glândulas salivares, tireoide e mandíbula – que acabou sendo retirada durante o processo.

Pela vontade de viver e de contar o que via nos filmes, a intimidade de Ebert é exatamente o que imaginamos pelo que absorvemos de sua imagem como figura publica; mesmo em momentos difíceis, ele é bem humorado, faz piadas e conta histórias trágicas como pequenas anedotas. A ideia de olhar para os filmes como enxerga a vida transpõe-se de maneira natural e orgânica no documentário: entre dramas, suspenses, tragédias e inúmeros gêneros, a vida de Ebert é um enredo misto e interessante, como qualquer bom filme deve ser.
Ebert mesmo costumava dizer que “bons filmes farão de nós seres melhores”; nessa linha, sem sombra de dúvida, esse documentário com tons de épico particular fez, definitivamente, a pessoa que vos fala um ser humano melhor.