Henrique Balbi | 8 de abril de 2015

cine reflexão: Definhar humano

Vivemos a cada dia, a cada hora e a cada segundo de nossas memórias. Vivemos também de nossa capacidade motora e de nossa habilidade de nos comunicarmos com o outro. São características humanas básicas, sem as quais não podemos nos imaginar seguindo em frente. Entretanto, a vida, irônica que pode ser, por vezes tira estes […]

Vivemos a cada dia, a cada hora e a cada segundo de nossas memórias. Vivemos também de nossa capacidade motora e de nossa habilidade de nos comunicarmos com o outro. São características humanas básicas, sem as quais não podemos nos imaginar seguindo em frente.
Entretanto, a vida, irônica que pode ser, por vezes tira estes insumos básicos dos humanos. Tira como se imaginasse que saberíamos nos virar e viver de outra forma.

Mas não, não sabemos.

Muitos filmes retratam o triste definhar de quem descobre ter uma doença degenerativa, daquelas que te fazem perder a conexão entre você e os outros – e entre você e você mesmo.

Os mais recentes filmes que trouxeram estes temas foram tão profundos e tão dramáticos que fizeram seus atores protagonistas vencerem o Oscar de melhor ator e melhor atriz: “A Teoria de Tudo” e “Para Sempre Alice”, com Eddie Redmayne e Julianne Moore, respectivamente.

Em “A Teoria de Tudo”, é contada a história de ninguém menos que o gênio Stephen Hawking, que descobriu a existência de uma doença motora degenerativa, a esclerose lateral amitrófica (ELA), quando tinha apenas 21 anos.

Imagine-se você, no auge de sua juventude, prestes a descobrir os segredos mais obscuros da ciência astrofísica e descobrindo-se limitado por uma doença que paralisa os músculos de todo o seu corpo.

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Já em “Para Sempre Alice” é contada a história de uma professora de linguística, reconhecida por sua ampla capacidade cognitiva e por sua incrível memória, que descobre-se com Alzheimer precoce e perde rapidamente toda a base em que construiu a sua vida.

Agora, imagine-se você, aos 50 anos e com mais longos anos pela vida, perdendo-se num vácuo de ausência de pensamentos e num tempo em que você deixa de conhecer até mesmo quem mais ama.

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Mais do que serem bons atores, Redmayne e Julianne foram escolhidos: escolhidos para o desafio de viver um sofrimento de que todos os humanos querem fugir. Foram forçados a passar por infernos do corpo e da mente, infernos que limitam a capacidade de milhares de pessoas de serem elas mesmas.

Pelas atuações e pelo sentimento que ambos os atores nos passaram, fica cada vez mais clara a mensagem do cinema ao retratar estas doenças degenerativas: é preciso ter muito amor e muito culhão para viver tais histórias.