Andre Pacheco | 18 de fevereiro de 2015

Oscar 2015 | American Sniper – Clint Eastwood

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Melhor-filme-Sniper-Americano.jpg”] “American Sniper” do diretor Clint Eastwood é o filme mais “americano” entre os 8 concorrentes a categoria “Melhor Filme” no Oscar 2015. É possível que muitas pessoas se dividam em relação a essa obra, podendo ser entendida em duas situações: seria um filme “propaganda” dos EUA ou uma crônica audiovisual intimista de como […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Melhor-filme-Sniper-Americano.jpg”]

“American Sniper” do diretor Clint Eastwood é o filme mais “americano” entre os 8 concorrentes a categoria “Melhor Filme” no Oscar 2015. É possível que muitas pessoas se dividam em relação a essa obra, podendo ser entendida em duas situações: seria um filme “propaganda” dos EUA ou uma crônica audiovisual intimista de como os EUA são e se veem?

O filme conta a história real de Chris Kyler (na melhor e mais séria interpretação do ator Bradley Cooper em sua carreira!), um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. No filme todo há sempre um clímax e um anticlímax expondo o personagem principal entre duas vidas paralelas: sua vida em guerra no Iraque e sua vida pessoal com sua esposa Taya (interpretada pela atriz Sienna Miller) e filhos. Além disso, “American Sniper” usufrui de “flashbacks” da infância do personagem Chris, “explicando” sua forma de ser e sua formação enquanto homem militar e patriota.

Clint Eastwood possui um cinema “moralista”. E isso não é pejorativo. Suas opiniões sobre a cultura americana e o patriotismo exacerbado é passado em seu cinema como um personagem em si. A força que aparece em seus filmes mais sérios é sublime, psicologicamente estruturada e proporcionam um grande “esqueleto”, uma “linha dorsal” de como o próprio povo americano se vê ou se pode ver.

E “American Sniper” possui um rigor estético simples, porém consegue uma profundidade filosófica desigual, muito maior do que o filme paralelo “Guerra Ao Terror” (2008) da diretora Kathryn Bigelow, ganhador do Oscar de 2009.
Essa obra de Clint Eastwood não é um filme de guerra, muito menos um “drama de guerra”. “American Sniper” é um atestado pessoal do diretor Eastwood para um entendimento maior de como a guerra e como o patriotismo americano são baseados numa forma estruturada de desequilíbrio emocional e total descontrole da sociedade como tal. O que se observa nesse filme é um “estudo” emocional de um personagem desprovido de vida e de uma sociabilidade comum e humana.

O roteiro do filme apresenta várias “passagens” que nos dão o quanto o diretor Eastwood prega uma visão particular e, sim, doentia desse sistema cultural americano ligado ao patriotismo exacerbado e que move o “american way of life” a muitas e muitas décadas; e que aparecem em exemplos tristes como em guerras, vide Vietnã e Iraque.

E respondendo à pergunta do início do texto: “American Sniper” é um filme testamento do horror que nasce na cultura americana e se torna bélico. Grande expressão realista, intimista e triste do gênio Clint Eastwood. “American Sniper” é uma crônica audiovisual intimista de como os EUA são e se veem. Ou melhor: como se deveriam ver de forma sincera.