Guilherme Barreto | 23 de janeiro de 2015

Livre

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/01/wild-reese-witherspoon.jpeg”] Sempre achei interessantes filmes que abordassem a luta de homem contra a natureza ainda mais quando essa batalha fazia o personagem se encontrar e superar seus medos. Bons exemplos desse “gênero” são “Na Natureza Selvagem”, “No Limite” e “A Perseguição”. Livre (Wild), do cineasta canadense Jean-Marc Vallé (Clube de Compras Dallas), também conta […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/01/wild-reese-witherspoon.jpeg”]

Sempre achei interessantes filmes que abordassem a luta de homem contra a natureza ainda mais quando essa batalha fazia o personagem se encontrar e superar seus medos. Bons exemplos desse “gênero” são “Na Natureza Selvagem”, “No Limite” e “A Perseguição”. Livre (Wild), do cineasta canadense Jean-Marc Vallé (Clube de Compras Dallas), também conta essa história, mas no final a sensação que fica é que o longa poderia ter sido melhor.

Baseado em uma história real, o filma relata a caminhada feita por Cheryl Stread (Reese Whiterspoon) por uma trilha conhecida como PCT (Pacific Crest Trail), que vai do México até o Canadá, ou seja, um trajeto de mais de 1.000 Km. Enquanto caminha até o fim da trilha e conhece novas pessoas, Cheryl se lembra das tragédias que aconteceram na sua vida e das lições de amor dadas por sua mãe Bobbi (Laura Dern), motivos que a levaram a fazer a trilha para renascer.

Baseado no livro escrito pela própria Cheryl Stread, o roteiro assinado por Nick Hornby (Alta Fidelidade e O Grande Garoto) é eficiente, porém poderia ter desenvolvido melhor algumas situações, como o que aconteceu com o irmão da protagonista. Acerta ao desenvolver muito bem a personagem principal e deixaclaro de como ela precisava de um recomeço para sua vida. Os personagens coadjuvantes também são muito bem escritos, mesmo sendo poucos e aparecendo pouco.

O diretor acerta ao usar a narração em off como se fosse a consciência da protagonista e ao contar a história como se fosse memórias, e daí vem um dos principais destaques do longa; a sua montagem. Ela é frenética e insere as memórias de Cheryl nos momentos certos, as imagens são fortes e cheias de significados, não atrapalha o ritmo do longa e acerta ao colocar músicas muito bem escolhidas, que servem para inspiração para a personagem. Com certeza um trabalho primoroso feito pela mesma dupla Martin Pensa e John Mac McMurphy, o último é um pseudônimo do diretor Jean-Marc Vallé.

A direção de Vallé é mais ousada que a de seu último longa, o “Clube de Compras Dallas”. Não apenas pela forma da narrativa usada, mas pelo jeito que ele filma a história. Com a câmera na mão, o diretor sempre mostra a figura frágil de Cheryl enfrentando as diversidades e dificuldades da natureza, embora acho que a fotografia do filme poderia ser melhor ao aproveitar mais as locações, foi uma chance perdida pelo fotógrafo Yvés Belanger, parceiro habitual do diretor.

As atuações são o ponto mais forte de “Livre”, principalmente a de Reese Whitersppon, uma atriz que sempre considerei medíocre, a única atuação que até agora tinha me impressionado tinha sido em “Eleição”, primeiro filme de Alexander Payne (Nebraska). Aqui a atriz realmente se dá pelo papel e se torna a alma do filme. Ela não só entendeu a personagem como fica bem clara sua admiração por Cheryl. A excelente Laura Dern aparece pouco, mas sua Bobbi é uma figura iluminada que representa o otimismo, amor e coragem. O resto dos coadjuvantes fazem bem seus papéis.

O mais decepcionante em “Livre” é o seu clímax. O que deveria ser um momento de catarse, se torna algo simples e sem graça. A decepção vem porque o filme tinha sido construído para aquele momento. “Livre” é um bom filme, com uma montagem incrível, uma atuação realmente muito forte de Reese Whiterspoon e uma boa trilha sonora. Mas no fim, fica aquela sensação que poderia ser melhor.