Andre D do C | 18 de janeiro de 2015

Marvel no cinema | X-Men 2

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/01/x-men2.jpg”] Se hoje em dia, nos cinemas, estamos vivendo o auge dos blockbusters inspirados em quadrinhos, e somos inundados, temporada após temporada, por uma míriade de filmes sobre super-heróis e universos paralelos, muito disso ainda se deve à trilogia de X-Men, dirigida por Bryan Singer, cujo primeiro filme foi lançada em 2000, e o […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2015/01/x-men2.jpg”]

Se hoje em dia, nos cinemas, estamos vivendo o auge dos blockbusters inspirados em quadrinhos, e somos inundados, temporada após temporada, por uma míriade de filmes sobre super-heróis e universos paralelos, muito disso ainda se deve à trilogia de X-Men, dirigida por Bryan Singer, cujo primeiro filme foi lançada em 2000, e o segundo em 2003.

Ao completar o primeiro filme, o diretor comprovou que não só era possível realizar uma adaptação séria das graphic novels – que muitos só achavam que entreteriam meninos até 14 anos – com qualidade e respeito ao material de base, como também que era possível convencer atores top da época em Hollywood a embarcar no projeto, contribuindo para uma boa alavancada nas bilheterias – e também na idade média e na variedade do público.

E se muito desse mérito veio logo com o primeiro filme, pode-se dizer que a sua sequência, lançada pouco menos que 3 anos depois, foi o ápice desse começo. Em X-Men 2, já sem a responsabilidade de introduzir o universo dos mutantes aos leigos entre a plateia, a narrativa já começa acelerada, novos personagens sendo introduzidos, em situações que reverberam rapidamente, desdobrando a trama em ritmo mais frenético do que no primeiro filme. Aqui, as metáforas sociais continuam no centro do drama, presentes nas motivações individuais de cada personagens, e catalisando decisões governamentais que, por sua vez, promovem a conhecida alegoria da causa mutante com o os movimentos das minorias e dos direitos sociais na nossa sociedade real. Além de servir como catalisador para muita ação e costurar a trama de modo geral.

E, mais uma vez, a fórmula funciona. Mesmo a alegoria sendo já carta usada, o roteiro consegue propor novos ângulos à discussão e manter a temática viva e, ainda depois de três anos, convencer do mesmo modo. “Será que você conseguiria tentar… não ser um mutante?” Substitua a palavra ao final dessa frase e imagine quantos jovens reais já não tiveram que escutar sentados essa mesma indagação em contextos muito similares.

Talvez o maior mérito de X-Men 2, principalmente ao compararmos com seu volume precedente e a sua sequência que viria a seguir, seja exatamente a fluência com que a trama inclui todos os personagens, assim como a distribuição de seu tempo de tela e o tratamento reservado a cada um deles. Se o primeiro filme já havia sido eficaz sob esse aspecto, em que se propunha a apresentar 5 ou 6 mutantes centrais, desta vez, são no mínimo uma dúzia de personagens, todos essenciais à trama, que têm sua relevância na história e desempenham papéis imprescindíveis. Não há personagem enfeite, em uma narrativa que ambicionou elevar o escopo dramático do primeiro filme em quase o dobro. Isso é que é ser bem sucedido…

Dez anos depois, é engraçado observar o quanto se admirou o trabalho de Joss Whedon (e com justiça!) atribuindo-lhe a façanha de costurar uma trama decente em Os Vingadores, ao mesmo tempo em que concedeu a cada um de seus numerosos personagens seu momento de brilhar. De fato, essa foi uma lição que a Marvel demorou quase dez anos para aprender. Ou pelo menos, agora, parece que a mensagem fincou raízes, finalmente, já que cada vez mais se valoriza a dinâmica de personagens em adaptações de quadrinhos, e em filmes de ação. É o que tudo indica, ao menos se observarmos o salto qualitativo dos roteiros de Thor 2 e Guardiões da Galáxia, por exemplo. No entanto, era uma fórmula que já havia sido muito bem explicada com o sucesso de bilheteria de X-Men 2. E que infelizmente, não se repetiu em sua sequência, X-Men 3 — mesmo considerando quaisquer outros de seus méritos que ela certamente tem.

Seja lembrada ou não como tal, não tenha dúvida de que aqui está uma peça importantíssima para o que foi o desenvolvimento das adaptações da Marvel para os cinemas e para o enorme sucesso que elas representam para a indústria até hoje. E que ainda merece seu lugar entre as melhores adaptações de quadrinhos desse século.