Gisele Santos | 19 de outubro de 2014

Primeira Vez | O Gênero Épico

“O que você faz em vida, ecoa pela eternidade”, profere o ex-general romano Maximus Decimus Meridius, vivido por Russel Crowe no filme “Gladiador” (2000). Muitas gerações ainda por vir serão marcadas pela grandiosa história de um herói que perde tudo, torna-se escravo e prova sua coragem nas arenas ferozes e implacáveis do Coliseu, imortalizado pela […]

“O que você faz em vida, ecoa pela eternidade”, profere o ex-general romano Maximus Decimus Meridius, vivido por Russel Crowe no filme “Gladiador” (2000). Muitas gerações ainda por vir serão marcadas pela grandiosa história de um herói que perde tudo, torna-se escravo e prova sua coragem nas arenas ferozes e implacáveis do Coliseu, imortalizado pela bela fotografia e efeitos de tirarem o fôlego.

Narrativas semelhantes, que compartilham o estilo épico, também alcançam e reúnem cada vez mais e mais seguidores. Muitos serão os fãs que irão comentar sobre a jornada extraordinária de Frodo para destruir o Um Anel na trilogia “O Senhor dos Anéis”. E muitos ainda irão se maravilhar com a produção majestosa do drama bíblico “Ben-Hur” (1959) ou com o patriotismo escocês em “Coração Valente” (1995).

Embora apresente subdivisões no Cinema, o gênero Épico, em sua essência, remonta à Grécia Antiga. A palavra Épico vem do grego epikós, e significa poesia, recitação de versos.  A poesia épica conta as imponentes façanhas de um herói ou povo, apropriando-se de elementos mitológicos ou históricos. Um bom exemplo deste tipo de obra é “A Ilíada”, de Homero, que narra a Guerra de Tróia. Posteriormente, o gênero foi sendo adaptado para outras manifestações literárias e artísticas.

O filme épico ganha forma quando a produção cinematográfica atinge a escala industrial, no início do século XX. Entre 1897 e 1907, conflitos envolvendo royalties entre os diversos inventores da técnica de imagens em movimento impediram o crescimento de grandes estúdios. Diante disso, a partir de 1908, os produtores norte-americanos começaram a se dirigir para Los Angeles, onde a legislação era bem mais flexível. Lá, o emprego de uma maior quantidade de recursos foi possível, abrindo portas para filmes monumentais.

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O primeiro longa realmente representativo do gênero épico é o italiano “Cabíria” (1914), do diretor Giovanni Pastrone, que enfoca as Guerras Púnicas, as famosas batalhas entre Roma e Cartago. Apesar de ser mudo, o que causaria certo tédio para as plateias da geração atual, na época foi totalmente inovador. Além da utilização de cenários em escala real, Pastrone foi o primeiro a utilizar a técnica do travelling de câmera utilizando um carrinho sobre um trilho, permitindo uma exploração do Set com uma estabilidade e liberdade jamais vistas até então. Os contemporâneos de Pastrone chamaram a técnica de “Cabiria Movements” (Movimentos Cabíria, em inglês).
Outras obras épicas desse período primordial se concentravam mais em temas bíblicos, pois eram de mais fácil assimilação, como “Dez Mandamentos” (1923) e “O Rei dos Reis” (1927), de Cecil B. de Mille. São filmes de cenários magníficos e de produção impecável. No entanto, não trazem uma novidade muito notória.

Agora, a superprodução “Napoleão” (1927), dirigido por Abel Gance, adotou planos monstruosos nas cenas panorâmicas de batalhas, que eram formados pelo uso de três câmeras em conjunto. Essa tecnologia daria origem ao Cinerama, que utilizava diversos projetores e uma tela côncava para dar uma maior sensação de profundidade, considerado por muitos o avô do Cinema 3D.

Pois é, meus caros. Produções homéricas nas telonas já encantam audiências há muito tempo, e devem continuar encantando. A cada geração, novos métodos são aplicados, trazendo experiências inimagináveis e memoráveis para milhares de pessoas. Porém, vamos torcer para que, independente das tecnologias avançadas, que uma boa história e um herói inesquecível sejam sempre a principal preocupação.