Diego Olivares | 12 de outubro de 2014

Trash: a esperança vem do lixo

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2014/10/20620818.jpg”] Trash, a adaptação do livro homônimo de Andy Mulligan, tem produção britânica e diretor britânico (Stephen Daldry, do excelente “As horas”). Mas se ninguém avisa, essas informações passariam despercebidas. O filme tem clima e estilo de produções nacionais. Na trama, Raphael, Rato e Gardo são três jovens moradores de uma favela à beira […]

[img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2014/10/20620818.jpg”]

Trash, a adaptação do livro homônimo de Andy Mulligan, tem produção britânica e diretor britânico (Stephen Daldry, do excelente “As horas”). Mas se ninguém avisa, essas informações passariam despercebidas. O filme tem clima e estilo de produções nacionais.

Na trama, Raphael, Rato e Gardo são três jovens moradores de uma favela à beira do lixão, onde encontram uma carteira recheada de dinheiro e de mistérios que passam a ser investigados pelos garotos no decorrer do filme. A carteira pertence à José Angelo (Wagner Moura), um militante que roubou evidências da corrupção de um importante político.

Selton Mello vive o policial frio e corrupto, que parte de forma incansável e sem escrúpulos atrás da carteira e não poupa ninguém que entre no seu caminho. O filme ainda conta com as participações dos americanos Rooney Mara e Martin Sheen, mas devido a fragilidade do roteiro, seus personagens se tornam descartáveis.

Os dois brasileiros de destaque (Mello e Moura) fazem um excelente trabalho, mas quem roubam a cena são os três jovens protagonistas: Rickson Tevez, Eduardo Luis e Gabriel Weisntein, todos membros de comunidades cariocas demonstram carisma e naturalidade no primeiro papel de suas vidas.

Existem vários pontos positivos no longa. O diretor demonstra coragem ao fazer uma cena pesada com um dos garotos e a faz com sucesso, assim como quando evidencia a violência gratuita da polícia contra a periferia. Além disso, os momentos de aventura dos garotos são bem divertidos, graças à montagem ágil e descontraída que o filme possui.

Mas, Trash também peca em vários quesitos, principalmente quando trata do tema corrupção e reivindicação popular. Ele exagera na pieguice, o que infelizmente vem se tornando uma característica de Daldry (principalmente em “Tão Forte e Tão Perto”). Em um momento do filme, os garotos falam diretamente com o espectador e tentam instigá-los a irem às ruas. O que não é errado, mas devido à obviedade de como foi feito, o ato perdeu toda a sua força e pelo contrário, o tornou embaraçoso.

Pela proximidade do tema de Trash com outros filmes do gênero, como “Cidade de Deus” e “Tropa Elite”, uma comparação torna-se inevitável. E por não possuir a mesma eficiência e originalidade, sem dúvida não terá o mesmo impacto e importância dos outros. Mas o filme possui seus méritos, e não há comparação que os tirem.