Ricardo F. Santos | 21 de setembro de 2014

Cinema em 3D | O Grande Gatsby

Quando se fala em 3D, praticamente todos os olhos se voltam para Avatar, A Invenção de Hugo Cabret ou algum outro longa que tenha faturado o Oscar de melhor fotografia nos últimos anos… É muito injusto que a versão purpurina/escandalosa de Baz Luhrmann para O Grande Gatsby, independente da qualidade do filme em si, seja […]

Gatsby

Quando se fala em 3D, praticamente todos os olhos se voltam para Avatar, A Invenção de Hugo Cabret ou algum outro longa que tenha faturado o Oscar de melhor fotografia nos últimos anos… É muito injusto que a versão purpurina/escandalosa de Baz Luhrmann para O Grande Gatsby, independente da qualidade do filme em si, seja esquecida no quesito da tecnologia, já que é sem dúvida um dos mais fascinantes usos desta.

A começar que Gatsby dispensa cenas de ação, alienígenas ou mundos fantásticos para encher a tela, concentrando-se principalmente na história e em seus atores (e, ok, o nada discreto design de produção), o que também significa uma direção mais estável. Luhrmann é inteligente e sabe que o 3D não combina com câmera na mão, cortes rápidos ou planos muito fechados. Sua direção privilegia a profundidade do campo, e ainda conta com alguns cenários em tela verde artificiais, que já deixam o elenco sobressaltado na versão 2D; com os óculos especiais, o efeito é multiplicado – ironicamente.

Tal simplicidade narrativa ajuda Luhrmann a criar uma obra esteticamente fascinante, com o 3D sendo usado de forma sutil, mas belíssima. E sem deixar-se preso ao convencional, o cineasta ainda brinca com formatos ao trazer diferentes imagens sobrepostas à outras (como as janelas que aparecem no rosto de Tobey Maguire) ou os textos literários que invadem a tela.

Quando usado da forma vista em O Grande Gatsby, o 3D pode sim tornar-se uma ferramenta em prol do desenvolvimento narrativo, e não um mero caça-níquel adotado pela maioria das produções blockbusters recentes. É o velho quem sabe, sabe.