Lilian Ambar | 11 de setembro de 2014

cine mulheres: A má educação

Se você quiser insultar uma mulher, critique seu trabalho. Mas se você quiser seriamente insultá-la, critique o modo como ela educa seus filhos. Mesmo que elas sempre tenham boas intenções, algumas mães da ficção fazem do padecer no paraíso somente o primeiro passo de uma ingrata jornada – para suas crias. [img src=”http://saladadecinema.com.br/wp-content/uploads/2014/09/melissa-leo.png”] Em O […]

Se você quiser insultar uma mulher, critique seu trabalho. Mas se você quiser seriamente insultá-la, critique o modo como ela educa seus filhos. Mesmo que elas sempre tenham boas intenções, algumas mães da ficção fazem do padecer no paraíso somente o primeiro passo de uma ingrata jornada – para suas crias.

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Em O Vencedor (2010), Micky e Dicky (Mark Walberg e Christian Bale respectivamente) são dois irmãos que vivem em volta do ringue de boxe. Mas quem lança os jabs nessa história é sua mãe, vivida por Melissa Leo, num papel que lhe rendeu o Oscar de Atriz Coadjuvante. Gananciosa, manipuladora e completamente incompetente, ela administra a carreira do filho mais novo (Walberg), colocando sua vida em risco em lutas mal planejadas e coagindo-o a treinar com o problemático irmão mais velho (Bale), seu filho favorito, um viciado em drogas e antigo campeão na categoria. E essa é a verdadeira luta de Micky na história: a difícil escolha de libertar-se do controle e das distrações de sua família, nem que isso represente se afastar da própria mãe.

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Outro filme de 2010, Cisne Negro, trata da loucura de uma bailarina (Natalie Portman) em busca da perfeição ao ganhar o mais importante papel da sua carreira. Mas é sua mãe quem aplica as doses de terror e psicose na trama. Uma bailarina frustrada que acompanha os passos da filha com tanto afinco que acaba sufocando-a, o que comumente acontece na vida real. A voz contida e até as cirurgias plásticas de Barbara Hershey, ajudam a construir essa mãe detestável e também o paralelismo da competição entre mãe e filha e o obscuro mundo do balé.

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Mas uma mãe em especial nos mostra toda a complexidade do amor entre mães e filhos. Em Precisamos Falar Sobre Kevin (2011), Tilda Swinton vive uma mulher que luta para recobrar seu amor pelo filho, responsável por um massacre numa escola local. A criança, que apresenta desde cedo um comportamento estranho, gera na mãe doses cavalares de culpa, em busca do amor tradicional dos comerciais de margarina. Mas nesta fita de terror psicológico, nada corre suavemente, nos afundando no universo triste dessa mãe que se tortura por ter trazido um monstro ao mundo.

E se o amor de mãe é incondicional, seja ele também incondicional por parte dos filhos. Principalmente porque, com nossa vinda, não sabemos que desafios podemos também ter imposto a elas.