Cassia Alves | 6 de março de 2014

cine política: O lado B de Sean Penn

Sean Penn é um P… ator. E ponto final, certo? Talvez ponto e vírgula. Sean Penn, inegavelmente, é uma figura curiosa e interessante a povoar a fauna hollywoodiana. De marido e agressor da pop star Madonna, a ator vencedor do Oscar por duas vezes, Penn teve uma longa, e por vezes alucinada jornada, no show […]

Sean Penn é um P… ator. E ponto final, certo? Talvez ponto e vírgula. Sean Penn, inegavelmente, é uma figura curiosa e interessante a povoar a fauna hollywoodiana. De marido e agressor da pop star Madonna, a ator vencedor do Oscar por duas vezes, Penn teve uma longa, e por vezes alucinada jornada, no show business americano.

Mas um aspecto interessante sobre Sean Penn, que só é realçado em face de seu engajamento em causas humanitárias – como a recuperação do Haiti devastado por um terremoto há quatro anos (ao qual ainda se dedica enfaticamente), é frequentemente negligenciada pela cobertura midiática.

Sean Penn é uma das celebridades mais politizadas de Hollywood. Se não for a mais politizada. Era frequente vê-lo na companhia do populista Hugo Chávez, de quem também era amigo e admirador confesso. Penn foi, para todos os efeitos, um corpo estranho no funeral do governante mais contestado da América Latina. Criticado por liberais e conservadores nos EUA, o ator exaltava Chávez e pontuava que a América não o entendia. Penn não é exatamente socialista, ainda que suas convicções políticas se posicionem à esquerda da esquerda americana mais ferrenha.

Se a admiração por Chávez o aproximou do mandatário venezuelano, o mesmo não se pode dizer de Obama. Ainda que tenha participado da primeira campanha de Obama à presidência, em 2008, Penn parece não ter se empolgado com a gestão obamista. Não se engajou na campanha democrata à reeleição, ainda que declare com alguma frequência ser eleitor democrata.

Há pouco tempo se queixou que o mundo se esqueceu do Haiti. Sean Penn parece ter pouca paciência com a hipocrisia, ainda que tenha tomado gosto pela fogueira de vaidades hollywoodiana. É presença mais frequente nas festinhas de Los Angeles do que costumava ser nos anos 90. Para dar cor a esse paradoxo, divide seu tempo entre Los Angeles e o Haiti, onde ainda está na maior parte do tempo administrando ONGs que atuam pela reconstrução do país.

Perguntado se desejaria seguir carreira política, Penn refutou a ideia como se o interlocutor, um jornalista da GQ americana, o tivesse ofendido. Ele teve que responder essa pergunta mais algumas vezes. Ele já assinou artigos duros em jornais como New York Times contra Bush, por exemplo, mas costuma fugir das bem fundamentadas questões envolvendo as nuanças do chavismo.

Sean Penn, no entanto, é dos poucos americanos de destaque, dentro da cena política ou não, a entender a América Latina fora da visão exótica que esta enseja no lado de cima da linha do Equador.