Andre D do C | 26 de fevereiro de 2014

Oscar 2014 – Melhor Ator #SaladanoOscar

Lá pras tantas da cerimônia, quando toda a papagaiada já tá ficando chata, e você já pensa em jogar a toalha e ir dormir, é quando começam a revelar os vencedores que todo mundo quer saber. Uma das categorias mais nobres da cerimônia, a de melhor Ator, a ante penúltima a ser anunciada da noite […]

Lá pras tantas da cerimônia, quando toda a papagaiada já tá ficando chata, e você já pensa em jogar a toalha e ir dormir, é quando começam a revelar os vencedores que todo mundo quer saber. Uma das categorias mais nobres da cerimônia, a de melhor Ator, a ante penúltima a ser anunciada da noite é, com certeza, uma das mais aguardadas e -talvez, por isso mesmo- uma das que reúnem mais vitórias polêmicas. E, com isso, uma longa lista de derrotas ilustres.

E ao observar os cinco indicados desse ano, isso fica fácil de perceber. Da lista, só Christian Bale já levantou a estatueta, e há meros três anos atrás, como coadjuvante. Essa é sua primeira indicação na categoria principal. Vale mencionar aqui, o mérito do diretor David O. Russell, que também dirigiu Bale no papel que lhe rendeu prêmio. Em O Vencedor, Russell apostou – como em todos os seus filmes recentes – cada sequência no talento de seus atores, o que deu a Bale a chance de arrebatar toda a crítica e público com sua performance marcante do ex-boxeador viciado em crack, Dicky. Dessa vez, ele entrega, mais uma vez, uma atuação correta, na medida, para o trambiqueiro careca e barrigudo de Trapaça. Esse ano, no entanto, ele deve somente agregar valor à briga, e não mais que isso.

Falando em derrotas, muito ilustres também são algumas ausências de atores entre a lista de mais de 400 nomes que já concorreram na categoria principal. Quem sabe disso é Bruce Dern, que concorre esse ano pela primeira vez. Em Nebraska, dirigido pelo sempre competente Alexander Payne, o ator de 77 anos traz uma representação precisa e tocante do velhinho do “mid-west” americano que acredita estar prestes a se tornar um milionário. Provavelmente o filme mais “fora de época” dentre os que também concorrem a melhor filme, o longa dirigido por Alexander Payne chegou a fazer parte da seleção deste ano do Festival de Cannes, que premiou a atuação de Dern como a melhor do ano. Além do festival francês, o veterano de filmes indies norte-americanos também já faturou um prêmio no festival de Berlim e múltiplos prêmios de críticos ao redor do mundo. Aqui, no entanto, é a zebra da categoria.

Comendo pelas bordas nessa categoria – muitos bem acham que Joaquin Phoenix ou Tom Hanks poderiam estar aí – e recebendo uma indicação quase que pelo mérito do conjunto (vide as 9 indicações de 12 anos de Escravidão), Chiwetel Ejiofor acaba de (surpresa!) arrebatar um Bafta, tendo ganhado de muitos dos concorrentes aqui listados. De fato, o ator britânico capricha na sua cara de sofrimento na pele do homem que vira escravo nos Estados Unidos. Com um longo currículo de papéis secundários em Hollywood, Ejiofor entrega, aqui, uma performance que comove o espectador e se sustenta durante as cenas mais poderosas e dramáticas do filme. No entanto, ele ainda é pouco citado pelas apostas da mídia. E, de fato, os votantes do Bafta costumam ser bem mais generosos com seus compatriotas britânicos do que o Oscar. Aguardemos!

Chegando, enfim, aos favoritos! E mais do que isso, Matthew McConaughey parece ter mesmo entrado com o pé na porta da cerimônia esse ano. Dentre todas interpretações indicadas, a que ele apresenta em Dallas Buyers Club é, de longe, a que contém os maiores indícios de vitória: precisa, correta, em um personagem em situação altamente dramática, que catalisa seu drama em um objetivo (semi) altruísta. Somado a isso, a preparação para o papel ainda exigiu uma dramática transformação física do ator. Oscar detected! E de quebra, McConaughey ainda faz uma aparição hiper memorável em O Lobo de Wall Street. Gary Oldman, essa semana, não deixou esconder sua admiração pela guinada que o ator deu em sua carreira, que antes era povoada por comédias românticas (nada contra!) e que agora achou no drama o melhor canal para expressar todo o seu talento. De fato, o ator tem muito mérito, e um oscar seria nada mais do que justo. Mas nada está decidido ainda!

Vamos nos adereçar ao elefante na sala? Sim, mesmo com uma carreira brilhante, muito acima de qualquer satisfação ou reconhecimento da academia, ainda parece um absurdo – mais para o público, do que para ele próprio, eu presumo – que Leonardo DiCaprio nunca tenha ganhado uma vezinha sequer. Talvez ele seja, de fato, a prova mais concreta do que eu disse acima. E ele está na companhia de grandes nomes, devo dizer. Para lembrar alguns: Brad Pitt, Peter O`Toole, Edward Norton, Gary Oldman (!!!), sem contar alguns dos futuros perdedores desse ano.

Dessa vez, na pele de um inconsequente e ambicioso corretor de Wall Street, Leonardo DiCaprio mais uma vez demonstra uma grande entrega ao papel, sendo sua intensidade e vivacidade em cena, um dos aspectos que impulsionaram as 3 horas de duração do filme, sempre em um ritmo frenético e impecável. Aliás, nada seria mais legal e simbólico do que se ele recebesse o prêmio por uma de suas parcerias com Martin Scorsese. Será que agora vai?

Let the best man WIN!!!