Ricardo F. Santos | 17 de fevereiro de 2014

Caçadores de Obras-Primas | Crítica

Caçadores de Obras-Primas, quarto trabalho de George Clooney na direção, levanta um tema muito, mas muito interessante. Não me recordo de ter encontrado outro filme que relate as buscas pelo exército americano por obras de arte roubadas e destruídas por nazistas na Segunda Guerra Mundial, uma premissa deliciosa que, infelizmente, não tem seu potencial inteiramente […]

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Caçadores de Obras-Primas, quarto trabalho de George Clooney na direção, levanta um tema muito, mas muito interessante. Não me recordo de ter encontrado outro filme que relate as buscas pelo exército americano por obras de arte roubadas e destruídas por nazistas na Segunda Guerra Mundial, uma premissa deliciosa que, infelizmente, não tem seu potencial inteiramente aproveitado pelos realizadores.

A trama, baseada em fatos reais, é ambientada no final da Guerra e traz o tenente Frank Stokes (Clooney) reunindo uma tropa especial formada por pintores, arquitetos e escultores para ajudar a preservar e recuperar obras de arte ameaçadas pelos nazistas.

Some a premissa tentadora com um elenco estelar e o resultado não tem como dar errado… Em teoria, pelo menos. O grande problema de Caçadores de Obras-Primas é sua péssima estrutura narrativa, que se manifesta brutalmente quando os personagens são forçados a se separarem (algo que acontece logo no primeiro ato, sem spoilers). Temos o protagonista de Clooney aqui, as duplas formadas por John Goodman & Jean Dujardin e Bill Murray & Bob Balaban ali e o pobre Matt Damon jogado na subtrama mais desinteressante possível, onde contracena com Cate Blanchett. Nenhum dos intérpretes faz um trabalho menos do que excelente (especialmente Blanchett, que abraça o estereótipo da “bibliotecária” com charme), mas a montagem de Stephen Mirrione não oferece um encadeamento lógico para as diferentes linhas – o que torna a estrutura do filme praticamente limitada a cenas/momentos isolados.

Uma pena, já que o roteiro de Clooney e o frequente colaborador Grant Heslov acerta em determinados diálogos e passagens, principalmente ao oferecer um longo discurso que justifica a importância da cultura para a Humanidade, mesmo diante da perda de vidas humanas. Já Clooney como diretor… Não deve existir termo mais apropriado do que “piegas” (talvez até tendenciosa) para definir o comando do ator/diretor. Fazendo uso pesado da trilha sonora de Alexandre Desplat (que aposta em uma melodia dramática até mesmo num momento PURAMENTE CÔMICO) em praticamente 100% da projeção, demonstrando falta de confiança em seu próprio trabalho. Sem falar no epílogo completamente descartável e apelativo, e que surge como um dos maiores embaraços já testemunhados no gênero; com um propósito tolo e até risível (um personagem responder a uma pergunta retórica que lhe fora feita 30 anos atrás? Por favor…).

Dado o talento dos envolvidos, fica claro que Caçadores de Obras-Primas poderia ter sido muito mais. A projeção se desenrola agradavelmente com boas doses de humor, mas beira o insuportável quando seu diretor insiste em uma condução apelativa e… piegas. Realmente lastimável. O material poderia render muito mais.

Obs: O compositor Alexandre Desplat tem uma participação consideravelmente longa no filme.