Jaqueline Oliveira | 22 de dezembro de 2013

Cinema Latino – Amores Brutos

O ano era 2004. Eu e meus amigos de faculdade nos reunimos pra mais uma tarde de cinema. Desde que tínhamos visto “E sua mãe também”, três semanas antes, estávamos viciados em filmes latinos. Principalmente os com o Gael García Bernal. Foi assim que chegamos ao mexicano “Amores Brutos”, produção que até hoje está na […]

O ano era 2004. Eu e meus amigos de faculdade nos reunimos pra mais uma tarde de cinema. Desde que tínhamos visto “E sua mãe também”, três semanas antes, estávamos viciados em filmes latinos. Principalmente os com o Gael García Bernal. Foi assim que chegamos ao mexicano “Amores Brutos”, produção que até hoje está na minha lista dos melhores filmes e que eu adoro indicar pra quem quer refletir sobre o amor e sobre o nosso lugar no mundo.

Pra quem nunca ouviu falar do filme, ele é (pelo menos para mim) a obra-prima do diretor Alejandro González Iñárritu. É um grande conto não linear sobre como um acidente de trânsito pode unir as vidas de três pessoas na Cidade do México: Octavio, um adolescente dono de cão de rinha; Valeria Maya, uma modelo famosa; e Chivo, um mendigo. Três pessoas que não se conhecem e que provavelmente nunca teriam se cruzado se não fosse por esta tragédia.

Primeiro capítulo de uma trilogia temática na qual Iñarritu se dedicou a explorar a morte (depois vieram “21 Gramas” e “Babel”), “Amores Brutos” é um filme visceral, impactante, triste, que mostra sem rodeios a influência que cada um de nós exerce na vida na outro, ainda que a gente não se dê conta disso. Afinal, nós estamos o tempo todo interferindo na vida do próximo, a cada palavra, cada ação, cada omissão, criando acontecimentos que podem catalisar uma série de pequenas tragédias ou grandes mudanças.

Embora Inãrritu prefira ver o filme sob a ótica da morte, pra mim “Amores Brutos” é mais reflexão sobre o amor. Amar seu cão é colocá-lo para brigar e correr o risco de vê-lo morrer? Permanecer ao lado de alguém quando a beleza se foi é uma prova de amor? Continuar com alguém mesmo sofrendo violência diária é amor ou falta de amor próprio? Salvar alguém do calvário é uma demonstração de afeto ou apenas a satisfação dos nossos desejos mais egoístas? São todas perguntas que o filme nos coloca, mas cujas respostas dependem de cada um.