Camila de Lira | 28 de julho de 2013

Grandes Maestros – Danny Elfman

O cinema (e a televisão) é cheio de atores que não aparecem nas telas. Eles atuam nos bastidores, com montagem, produção, direção, trilha sonora. Alguns fazem parte tão integrante de uma obra quanto o protagonista das telas e seu trabalho fica na memória do espectador, mas não o seu rosto. Para quem não acompanha os […]

O cinema (e a televisão) é cheio de atores que não aparecem nas telas. Eles atuam nos bastidores, com montagem, produção, direção, trilha sonora. Alguns fazem parte tão integrante de uma obra quanto o protagonista das telas e seu trabalho fica na memória do espectador, mas não o seu rosto.

Para quem não acompanha os nomes daqueles atores que não estampam os pôsteres, pode ser uma diversão descobrir que tem gente que marca o cinema e a televisão mais do que se imagina. Danny Elfman é um exemplo. O nome é desconhecido de muitos não-cinéfilos, mas a obra, com certeza, não.

Sabe o tema de abertura do seriado Os Simpsons? É dele. E do seriado Desperate Housewives? Dele também. Na telona, ele já havia sido responsável por algumas trilhas sonoras, inclusive de Beetle Juice (1988), mas foi a composição da abertura do Batman (1989) que o colocou junto com os maiores compositores de Hollywood e consolidou de vez a inigualável parceria com o diretor Tim Burton.

Os dois marcaram a cinematografia, um com imagens outro com sons, com um estilo inconfundível. Burton e Elfman traduzem cada um para sua arte o ultrarromantismo mais melancólico, mais gótico, mais byroniano e, quase sempre, mais grotesco. As trilhas de Elfman são marcadas pelo onírico, aquela sensação de estar em sonho, de ser transportado para um outro mundo – o mundo estranho e errado de Burton.

A colaboração com Burton (Elfman participou de quase todos os filmes do diretor) é parte importante do seu trabalho, mas o compositor também assina a trilha sonora de filmes como Homem Aranha (2002), O Lado Bom da Vida (2012) e Missão Impossível (1996).

O trabalho do compositor é marcado pela orquestra, mas também uma mistura com sons sintéticos. Não é raro perceber como ele usa corais quase fantasmagóricos nos vocais, aliados à poderosa percussão ou acompanhados de um forte conjunto de cordas.

O curioso de Danny Elfman é que ele não entrou no mundo hollywoodiano, nem no mundo da música, da maneira clássica. Literalmente: sua formação não é em música clássica. O grande compositor é também fundador e cantor de uma banda popular dos anos 1980, Oingo Boingo, com hits como Stay, que chegou a ser usada na trilha sonora do cult Donnie Darko (2001).

Assim como seu talento na composição, seu talento vocal não passa despercebido. Elfman cantou em muitas das músicas que criou para a cinematografia. Mais notavelmente, o artista cantou em todas as cinco composições de A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005).

No filme, ele gravou a mesma música em tons mais altos e mais baixos para, na mixagem, criar o efeito de estranheza que as canções causam no ouvinte, mais uma vez colaborando com a sensação criada por Burton em suas filmagens. Sozinhos, Elfman e Burton são personagens históricos, mas juntos eles criaram obras inesquecíveis.

Uma das maiores colaborações entre Elfman e Burton, os créditos iniciais de Batman Returns (1992) mistura o bizarro de Burton com o onírico de Elfman