Cassia Alves | 6 de julho de 2013

Especial Guerra Mundial Z – Guerra mundial Z vs The walking dead

Nenhuma produção contemporânea capitalizou mais em cima da febre zumbi do que a série “The walking dead”, exibida no Brasil pelos canais Fox (tv por assinatura) e Bandeirantes (tv aberta). Criada pelo cineasta e roteirista Frank Darabont, a partir da HQ de Robert Kirkman, a produção registra altos índices de audiência em todo o mundo […]

Nenhuma produção contemporânea capitalizou mais em cima da febre zumbi do que a série “The walking dead”, exibida no Brasil pelos canais Fox (tv por assinatura) e Bandeirantes (tv aberta). Criada pelo cineasta e roteirista Frank Darabont, a partir da HQ de Robert Kirkman, a produção registra altos índices de audiência em todo o mundo e provoca euforia digna dos maiores frissons da tv (“Arquivo X”, “Seinfield”, “Friends” e “Lost”).

No universo da série, o apocalipse zumbi já aconteceu e acompanhamos um grupo de humanos tentando sobreviver nesse cenário desolador em que o conceito de civilização é relativizado e uma nova ordem social erigida. Não há muitas explicações sobre o quê precisamente aconteceu, ou mesmo como a humanidade se aproximou de sua extinção. Sabe-se, porém, que a infecção é generalizada e que basta morrer para que a pessoa seja convertida em zumbi. Essa revelação, surgida no segundo ano da série, é que aferiu o contexto de epidemia ao terror zumbi que move a narrativa.

Em “Guerra mundial Z” testemunhamos justamente o que poderia ser descrito justamente como a brevidade do apocalipse que facilitou o mundo que acompanhamos em “The walking dead”. No filme, Gerry Lane – personagem de Brad Pitt – é um emissário da ONU (Organização das Nações Unidas) que persegue a origem do vírus que se disseminou globalmente e está transformando a população em zumbis.

Apesar dessa convergência narrativa, “Guerra mundial Z” e “The walking dead” apostam em estratégias e dramaturgia diferentes. No filme de Marc Forster, há a opção pela ação ininterrupta como forma de fisgar a atenção da plateia. Já em “The walking dead” o tom é mais contemplativo. Por vezes, tem-se a impressão de que nada aconteceu de fato em dois ou três episódios. “The walkind dead” favorece uma análise do homem quando confrontado com sua mortalidade, sua inadequação. Não é esse o objetivo do filme estrelado por Brad Pitt que se esmera, basicamente, na diversão.

Outra diferença notável diz respeito aos zumbis. Em “The walking dead” eles são lentos, totalmente desprovidos de qualquer elemento que indique vivacidade. Já em “Guerra mundial Z” eles são rápidos – lentos apenas quando não estimulados pela presença de um humano – e atuam como um formigueiro. Observação de um personagem do filme indica que ficam mais agressivos quando um do grupo é abatido, obedecendo a uma lógica de manada.

Em “Guerra mundial Z”, a transformação se dá após uma mordida por um morto-vivo. Já em “The walkind dead”, a mordida precipita uma transformação que se daria de qualquer jeito.

A maior diferença entre as produções, no entanto, é que na série a tragédia é iminente. Não há qualquer garantia de sobrevivência. No filme, a esperança da reversão do trágico destino da humanidade é aventada com o devido ar hollywoodiano.