LuizaFernandes | 26 de junho de 2013

Especial Monstros – Para onde vamos?

Universidade Monstros (2013) é o ponto de chegada e ao mesmo tempo ponto de partida para os estúdios Pixar. Ponto de chegada porque segue a lógica da cadeia produtiva, finalmente. A todo filme bom, e de grande bilheteria, lhe é possível uma continuação: gera-se lucro e atende-se a expectativa dos fãs. Eu sou um deles, […]

Universidade Monstros (2013) é o ponto de chegada e ao mesmo tempo ponto de partida para os estúdios Pixar.

Ponto de chegada porque segue a lógica da cadeia produtiva, finalmente. A todo filme bom, e de grande bilheteria, lhe é possível uma continuação: gera-se lucro e atende-se a expectativa dos fãs. Eu sou um deles, aliás.

É bem verdade que há uma ressalva a continuação de um filme de sucesso, o medo de estragar a série é justificável, dado o largo número de sucessos que se transformaram em abacaxis. Assim, a criação de um novo filme de monstros S.A torna-se uma aposta já esperada.

Mas, é também o ponto de partida quando pensamos nos filmes produzidos pelo estúdio até agora.

Monstros S.A. (2001) foi uma das poucas animações realmente criativas do estúdio Pixar – junto a Toy Story (1995) e UP (2009). Tenho a impressão que a ex-empresa de Steve Jobs sempre teve uma preocupação muito maior com o desenvolvimento de tecnologia e o altíssimo nível técnico de suas produções, do que efetivamente um trabalho cuidadoso e original de roteiro. Esses ficavam delegados a execuções mais livres nos curtas-metragens.

A continuação de Monstros S.A. é uma possibilidade de a indústria da animação elaborar boas propostas e que vendam bem, ao contrário da maré que vemos a disposição nas grandes telas: produções de paródias sem fim, no qual o humor adulto implícito e a tecnologia gráfica são a linha condutora. Séries como a Era do Gelo, Shrek, e Carros demonstram o pouco trabalho investido em contar histórias, tratam de roteiros recauchutados para dar continuidade a uma saga que vende bem.

Nesse sentido, parece que Universidade Monstros tem mais a oferecer. O universo dos Monstros e o imaginário infantil é uma possibilidade maravilhosa na construção de boas histórias, que está longe de se esgotar. Prova disso são os filmes: O estranho mundo de Jack (1993) de Tim Burtom, e o excepcional Onde vivem os Monstros (2009).

É claro, há uma possibilidade de ir tudo por água abaixo caso queiram readaptar uma história já contada, mas espero que a longa pausa entre um filme e outro possa desvincular as tramas, tornando o segundo filme também original.

A esperança é que Universidade Monstros venha contribuir com uma boa história, divertida, mas abrindo um novo universo de fantasia. Uma espécie de renovação da época em que a Disney adaptava e reintroduzia nas novas gerações os contos dos irmãos Grimm (em boa releitura); histórias que divirtam crianças, com conteúdo e profundidade psicológica, na contramão da indústria que investe em mais do mesmo. Aguardemos.