Jaqueline Oliveira | 13 de junho de 2013

Odeio o Dia dos Namorados | Crítica

Juntar uma das maiores humoristas da TV ao diretor de “Até que a sorte nos separe” e “De pernas pro ar”, duas sensações cinematográficas nacionais, parece uma fórmula de sucesso, certo? Pelo menos na teoria. O que se observa na comédia “Odeio o Dia dos Namorados” é que uma boa ideia pode naufragar quando o […]

Juntar uma das maiores humoristas da TV ao diretor de “Até que a sorte nos separe” e “De pernas pro ar”, duas sensações cinematográficas nacionais, parece uma fórmula de sucesso, certo? Pelo menos na teoria. O que se observa na comédia “Odeio o Dia dos Namorados” é que uma boa ideia pode naufragar quando o roteiro é tão engraçado quanto uma visita ao dentista.

Na história, a atriz Heloisa Périssé dá vida a Débora, uma publicitária de sucesso que, como diz o nome do filme, odeia o Dia dos Namorados e evita qualquer tipo de relacionamento amoroso. Desde que abriu mão de um noivado para se dedicar à profissão, ela se transformou em uma workaholic competitiva e também na diretora de criação mais odiada da agência em que trabalha. Um dia, Débora sofre um acidente de trânsito e, enquanto espera sua passagem para o além, recebe a companhia do melhor amigo falecido Gilberto, com quem revisita vários momentos da sua vida e descobre os motivos que a tornaram tão fria e descrente no amor.

Dirigida por Roberto Santucci como se fosse um programa de TV, a produção se restringe aos planos fechados tão característicos das novelas e a uma fotografia básica, que serve apenas para iluminar os ambientes. A direção dos atores também segue a cartilha do humor televisivo e é baseada em uma série de caricaturas incapazes de dar o mínimo de profundidade aos personagens. O resultado é que o filme parece um episódio estendido de qualquer série da TV aberta e não uma produção cinematográfica.

No entanto, são problemas que poderiam ser relevados se o filme conseguisse divertir, tarefa na qual ele infelizmente obtém resultados bem questionáveis. Com exceção de um ou outro momento mais inspirado, o que se vê em “Odeio o Dia dos Namorados” é uma sucessão de piadas batidas e infantis, que apelam, na maioria das vezes, para o sexo e para os palavrões. É como se os roteiristas incluíssem um termo chulo para tentar salvar uma piada ruim, uma tática que só resulta em sorrisos amarelos e constrangidos.

Com um grave problema de ritmo, o filme não consegue encontrar o equilíbrio entre as cenas “engraçadas” e aquelas em que o público se recuperar da última piada enquanto a próxima situação começa a ser construída. Com isso, ou o diretor estende as piadas até o esgotamento, ou formam-se enormes vácuos em que nada acontece.

No balanço final, dá pra dizer que Santucci foi muito mais feliz em “De pernas pro ar 2” do que nesta nova produção, pois o mais frustrante em “Odeio o Dia dos Namorados” é ver que o filme falha no elemento mais básico de uma comédia: a diversão.