Cassia Alves | 27 de maio de 2013

cine sexo: Sexo e cinema na croisette

Diz a lenda que festivais de cinema são verdadeiros bacanais. Por trás de todo glamour e sofisticação ostentado nos tapetes vermelhos rola a maior sacanagem. Os insiders confirmam que festivais mais alternativos, como Sundance, em Utah nos EUA, ou os relativamente novos como os de Londres, na Inglaterra, e Roma, na Itália, são verdadeiros polos […]

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Diz a lenda que festivais de cinema são verdadeiros bacanais. Por trás de todo glamour e sofisticação ostentado nos tapetes vermelhos rola a maior sacanagem. Os insiders confirmam que festivais mais alternativos, como Sundance, em Utah nos EUA, ou os relativamente novos como os de Londres, na Inglaterra, e Roma, na Itália, são verdadeiros polos do sexo. Cannes, o mais prestigiado festival de cinema do mundo, que terminou sua edição 2013 ontem, também tem de suas badalações. A revista americana Hollywood Reporter fez uma reportagem especial em que apurou que à época do festival a prostituição atinge picos incomparáveis na cidade portuária francesa. Só encontra par no congestionamento de iates de milionários. Os programas das acompanhantes de luxo, ainda segundo a reportagem da revista americana, chegam a 250 mil Euros por noite. As festinhas cheias de modelos, atores em busca de relaxamento e megaprodutores dando um tempo dos negócios também são contumazes em Cannes. Toda noite tem seu point. Há artistas que desejam levar seus filmes para Sundance, por exemplo, mais preocupados com esse lado B do festival do que com a projeção artística e comercial de seus trabalhos.

Mas como provou o recente festival de Cannes há espaço para o sexo também nas telas. Como já se sabe, o filme vencedor da Palma de Ouro foi “La Vie d´Adèle”, produção francesa de quase três horas que mesmerizou público e crítica no festival por suas cenas de sexo explícitas entre duas mulheres. O diretor romeno Christian Mungiu, membro do júri que outorgou a Palma de Ouro ao filme do franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, disse em entrevista coletiva que a premiação não tem a ver com sexo ou o choque que a franqueza com que é filmado enseja, mas com cinema. “Trata-se de uma narrativa vigorosa”, explicou.

Vigoroso ou não, “La Vie d´Adèle” é uma história de descoberta sexual e parece pertinente que um festival de cinema insidioso e vanguardista como Cannes premie um filme que aborde o sexo de maneira tão orgânica como fazem crer as críticas que chegam a nós. De qualquer jeito, o prêmio ao filme francês serve como cortina de fumaça para o que os habitués de Cannes desejam ocultar.