Convidados | 19 de março de 2013

Anna Karenina | Crítica

Resumir o filme Anna Karenina a um tweet provavelmente trataria de seu diferencial em relação a tantos outros romances de época. Nele, tanto a maneira como foi feito como a história contada encabeçam esse caráter distintivo. O enredo baseia-se no romance de Liev Tostói, que gira em torno da  personagem cujo nome dá título da […]

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Resumir o filme Anna Karenina a um tweet provavelmente trataria de seu diferencial em relação a tantos outros romances de época. Nele, tanto a maneira como foi feito como a história contada encabeçam esse caráter distintivo.

O enredo baseia-se no romance de Liev Tostói, que gira em torno da  personagem cujo nome dá título da obra e é interpretada por Keira Knightley, atriz já conhecida por dá vida a personagens de época. Casada com um importante nobre da Rússia, Karenin (Jude Law), Anna conhece e deixa se envolver pelo Conde Vronsky (Aaron Taylon-Johnson), passando a ter um caso extraconjugal na Rússia czarista do final do século XIX.

Na direção, Joe Wright, que trabalhou com Keira em Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice. 2005) e em Desejo e Reparação (Atonement. 2007), inova ao encher o filme com ares teatrais; várias são as cenas que tem início como as de uma peça – cortinas subindo, portas se abrindo, a orquestra tocando, o cenário se formando aos olhos do público, etc – e continuam com esse tom, através de verdadeiros números coreografados entre os atores coadjuvantes e principais, lembrando até mesmo um musical. Vale destacar a cena da valsa entre Karenina e Vronsky: uma combinação bárbara entre trilha sonora, filmagem e coreografia, que consegue passar para o expectador o turbilhão sentimento de ambos ao finalmente terem um contato próximo, uma dança. O tempo parando para eles foi mostrado literalmente nos outros casais na pista, que descongelam a medida que o casal principal valsa. Ao mesmo tempo, a adrenalina pode ser identificada nos movimentos frenéticos da câmera, que os segue a medida que vagueiam pelo pátio, cada vez mais rapidamente, até chegar no ápice orgásmico, quando todos ao redor somem e eles se veem sozinhos na pista. Em muitos momentos, Wright se vale de imagens concretas como as dessa cena para demonstrar o psicólogico de Karenina, o que resultou em uma abordagem interessante, que deu certo.

Fazendo a trilha sonora pela terceira vez para um filme de Joe – sendo os outros dois Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação , em Anna Karenina,  Dario Marianelli compõe uma trilha sonora marcante para o andamento do filme. Em vários momentos, como descrito no parágrafo acima, a música é parte integrante da cena.

É perceptível que o longa caminha no ritmo mais teatral até o momento em que Karenina e Vronsky se unem. Após isso, a projeção se torna mais introspectiva, psicológica e cinematográfica. Feita a decisão de abandonar o marido e viver o amor de Vronsky, vemos uma Karenina atordoada, que tem que lidar com a pressão na época em que uma mulher separada era malquista e julgada perante a sociedade, insegura, com medo de perder o amor do homem por quem largou tudo, e ansiando pelo perdão de Karenin. Nesse recorte denso, cheio de percalços Keira deixa a desejar e não consegue transpassar o momento complexo o qual Anna vive.

Anna Karenina conta a história de uma mulher que estava definitivamente à frente de sua época e que pagou por ser assim. A história é contada não é previsível, nem o jeito que isso foi feito, entretanto o filme deixa a desejar quando se chega ao clímax.