Cassia Alves | 8 de fevereiro de 2013

Especial Os Miseráveis – Atores que cantam e atores que desafinam

Não é toda estrela de cinema que se vira bem soltando o gogó em musicais. Prova disso está no recente “Os miseráveis” que rendeu elogios a Hugh Jackman e Anne Hathaway pela beleza e boa imposição de suas vozes e críticas à desafinada contribuição de Russell Crowe. Outro musical contemporâneo abraçou essa polêmica. Trata-se de […]

Não é toda estrela de cinema que se vira bem soltando o gogó em musicais. Prova disso está no recente “Os miseráveis” que rendeu elogios a Hugh Jackman e Anne Hathaway pela beleza e boa imposição de suas vozes e críticas à desafinada contribuição de Russell Crowe. Outro musical contemporâneo abraçou essa polêmica. Trata-se de “Mamma mia” (2008). Poucos cantavam a contento naquele filme. Meryl Streep, esforçada, pouco podia fazer frente à total inaptidão de Pierce Brosnan e Stellan Skarsgard.

Há quem diga, entre eles o diretor de “Os miseráveis”, Tom Hooper, que esse desequilíbrio, essa desafinação é bem vinda ao musical. Lhe afere mais realidade. É uma interpretação discutível. Os melhores musicais, contemporâneos ou clássicos, não apresentam essa particularidade.

Na seara dos que demonstraram que seguram um filme na voz estão Nicole Kidman e Ewan McGregor (“Moulin Rouge – amor em vermelho”), Julie Andrews (“A noviça rebelde”), Gene Kelly (“Cantando na chuva”, “Sinfonia de Paris” e “um dia em Nova Iorque”), Catherine Zeta Jones, Richard Gere e Renée Zellweger (“Chicago”) e Judy Garland (“Nasce uma estrela”). Já na esfera dos que não sobreviveriam se dependessem de seus talentos vocais estão Johnny Depp (“Sweeney Todd – o barbeiro demoníaco da rua Fleet”), Gerard Butler e Emmy Rossum (“O fantasma da ópera”), John C. Reily (“Chicago”), Dick Van Dyke (“Mary Poppins”), Jessica Lange (“O show deve continuar”) e Marlon Brando (“Garotos e garotas”).

Um dos charmes dos musicais, a despeito dessas justificativas para a desafinação de astros e estrelas, é justamente o de poder avacalhar ou rasgar elogios para os atores que se experimentam cantando. Como disse Hugh Jackman em entrevista recente ao jornal O Estado de São Paulo, cantar em cena é como estar nu. Calma Jackman! Você passou no teste.