Cassia Alves | 29 de janeiro de 2013

Especial Lincoln – A história segundo Spielberg

Todo mundo conhece Steven Spielberg. Tido como um dos pais do cinema blockbuster, o outro seria George Lucas, Spielberg é universalmente conhecido por seu toque de Midas em filmes como “Indiana Jones”, “Tubarão”, “E.T”, “Guerra dos mundos”, “As aventuras de Tintim”, entre muitos outros. Isso sem considerar sua faceta como produtor, que ajudou a trazer […]

Todo mundo conhece Steven Spielberg. Tido como um dos pais do cinema blockbuster, o outro seria George Lucas, Spielberg é universalmente conhecido por seu toque de Midas em filmes como “Indiana Jones”, “Tubarão”, “E.T”, “Guerra dos mundos”, “As aventuras de Tintim”, entre muitos outros. Isso sem considerar sua faceta como produtor, que ajudou a trazer ao mundo franquias como “De volta para o futuro” e “Transformers”.

O que poucos se dão conta é de que os filmes sérios de Steven Spielberg, aqueles que lhe valem indicações a prêmios, quando vistos juntos compõem um valoroso painel histórico; principalmente, é claro, da história americana.

Se “Lincoln”, que estreia esta semana nos cinemas brasileiros e concorre a 12 Oscars, será lembrado como o ponto mais alto dessa curva na filmografia do cineasta americano, só o futuro dirá. Certo é que antes do filme em que Daniel Day Lewis encarna o 16º presidente americano e o responsável pela abolição da escravidão naquele país, Spielberg já havia se debruçado sobre esse passado indigesto dos EUA em “Amistaad”. O filme de 1997 foi bastante elogiado pela crítica, mas não no mesmo nível de “Lincoln”. Passava-se antes do período retratado no filme estrelado por Day Lewis.

O grande pico da história americana, em particular, e da humanidade em geral, a segunda guerra mundial, também clamou pelo olhar de Spielberg. Como produtor, ele viabilizou o díptico “A conquista da honra”/”Cartas de Iwo Jima”, dirigidos por Clint Eastwood em 2006 sobre as perspectivas americana e japonesa de um dos confrontos mais sangrentos da segunda guerra. Antes, porém, ele realizou o seu filme mais acadêmico. “O resgate do soldado Ryan” (1998) começa no conhecido dia D em que as forças aliadas comandadas pelo exército dos EUA invadiram a França ocupada pelos nazistas e efetivamente ganharam a guerra. O filme, no entanto, revela uma força mais íntima ao falar de um grupo de personagens e a maneira como a guerra os afetou. Mais recentemente, Spielberg se voltou a bem menos popular e estudada 1ª guerra mundial, com a adaptação da peça vencedora do Pulitzer “Cavalo de guerra”. Em um verdadeiro épico, o diretor acompanha toda a evolução da guerra a partir do inusitado ponto de vista de um cavalo. Um triunfo de realização que talvez não fosse tão vívido nas mãos de outro cineasta.

O nazismo também serviu de pano de fundo para as aventuras de Indiana Jones na trilogia original, mas foi com um doloroso registro sobre o holocausto que Spielberg ganhou seu primeiro Oscar. Em “A lista de Schindler” (1993), o cineasta com perícia invejável reproduz nas telas a história de Oskar Schindler, que salvou mais de 1.000 judeus da morte certa. Judeu, Spielberg realizou, ainda, um drama complexo e bem imparcial sobre a rixa atemporal entre judeus e palestinos em “Munique” (2005), excelente filme que acompanha a vendeta israelense contra os responsáveis pelo plano terrorista que sequestrou atletas do país nas olímpiadas de Munique em 1972.

Spielberg ainda tratou bem a História em outros filmes como “O império do sol” (1987) e “A cor púrpura” (1986).

Cineasta conhecido por sua visão de mercado ímpar e por seu dom inigualável de entreter, Spielberg será para sempre lembrado como um dos grandes do cinema. Esse recorte histórico de sua filmografia confere ainda mais relevo a sua obra.