Cassia Alves | 16 de dezembro de 2012

Especial Clássicos – Touro indomável

Há quem prefira “Cidadão Kane” (1941) e há quem prefira “Touro indomável” (1980). A preferência em questão versa sobre o título de melhor filme americano da história. A dúvida faz com que um candidato engrandeça o outro. Certo é que “Touro indomável” é o maior filme de Martin Scorsese, um diretor de obras superlativas como […]

Há quem prefira “Cidadão Kane” (1941) e há quem prefira “Touro indomável” (1980). A preferência em questão versa sobre o título de melhor filme americano da história. A dúvida faz com que um candidato engrandeça o outro.

Certo é que “Touro indomável” é o maior filme de Martin Scorsese, um diretor de obras superlativas como “Taxi driver” (1976), “Os bons companheiros” (1990) e “Os infiltrados” (2006). A história de Jake La Motta (Robert De Niro) ganha potência, beleza e angústia nesse filme que adapta o livro autobiográfico do pugilista.

Scorsese privilegia um registro documental que acertadamente ressalta o aspecto emocional do personagem, dono de uma personalidade exacerbada e conflituosa, e faz das cenas no ringue verdadeiros espetáculos visuais transbordantes em realismo.

Posto de maneira vulgar, “Touro indomável” poderia ser resumido como um filme sobre a ascensão e queda de um fora de série. Mas Scorsese pavimenta em “Touro indomável” os caminhos metafóricos que o cinema seguiria dali em diante. Um filme cheio de fúria que tem em seu protagonista um ator devotado à trajetória do personagem. De Niro engorda, emagrece, ganha músculo, enfeia… É o que se chama por aí de “tour de force”.

“Touro indomável” ainda tem a seu favor o fato de ser um daqueles filmes que melhora com o tempo. O que já era um assombro de perícia técnica e esmero narrativo, ganha ainda mais representatividade quando se percebe que filmes contemporâneos são incapazes de ostentar a mesma destreza técnica ao emular a crueza furiosa de personagens que naufragam na busca pela felicidade.

Para todo o sempre, a guarda de “Cidade Kane” terá que estar sempre alerta. Sempre alta! “Touro indomável” é melhor a cada revisão.