André Sobreiro | 11 de novembro de 2012

Especial Clássicos – Quanto Mais Quente Melhor

Pode até ser que ninguém seja realmente perfeito, mas é difícil dizer que Billy Wilder não tenha chegado ao menos perto de encontrar a exatidão artística. Em 1959, fomos premiados com o filme que muitos dizem ser a obra-prima da comédia cinematográfica, “Quando Mais Quente Melhor”. Inspirado em um conto alemão, no qual dois músicos […]

Pode até ser que ninguém seja realmente perfeito, mas é difícil dizer que Billy Wilder não tenha chegado ao menos perto de encontrar a exatidão artística. Em 1959, fomos premiados com o filme que muitos dizem ser a obra-prima da comédia cinematográfica, “Quando Mais Quente Melhor”.

Inspirado em um conto alemão, no qual dois músicos se unem em turnê com uma banda feminina e acabam se envolvendo com a cantora do grupo, Wilder deu a Tony Curtis e Jack Lemmon a oportunidade de se tornarem nos grandes transvestidos da história do cinema. Eleito pelo American Film Institute como a melhor comédia de todos os tempos, “Quanto Mais Quente Melhor” conta a história de Joe (Curtis) e Jerry (Lemmon), um dupla de músicos que após presenciar o massacre de São Valentim – que ocorreu durante a era da Lei Seca nos Estados Unidos – encontra uma banda de mulheres como solução para fugir dos gângsteres perseguidores.

O começo do filme nem nos dá a chance de acreditar que se trate mesmo de uma comédia. Wilder mostrou aos espectadores o perigo tão grande que faria com que Joe e Jerry se transformassem em mulheres para saírem, disfarçados, em viagem com uma banda exclusiva de mulheres, da qual Sugar – a esplendorosa Marilyn Monroe – fazia parte. Lemmon e Curtis dominaram a arte de serem homens vestidos de mulheres, mas sem serem patéticos; e entenderam como ninguém o humor sarcástico e malicioso depositado por Billy Wilder e I.A.L. Diamond no roteiro do filme.

Enquanto isso, vemos um contraponto em Sugar. Marylin estava em seu momento de maior encanto e sensualidade, e deixou transparecer essas características em uma personagem que, apesar de inocente e sonhadora, também era um verdadeiro furacão. A interação entre Joe, Jerry e Sugar se torna ainda mais interessante com esse contraste – visto que, obviamente, os dois músicos se apaixonariam pela cantora.

Billy Wilder acertou em cheio em “Quanto Mais Quente Melhor” e mais uma vez mostrou sua versatilidade de gêneros e roteiros. O show a parte – e a memorável frase do longa – ficou, no entanto, com Joe E. Brown, que interpretou o milionário Osgood Fielding. Seu personagem apaixona-se por Daphne, que era ninguém menos que Lemmon em versão feminina. Depois de passar todo o período do filme correndo atrás de seu amor e descobrir que Daphne é um homem, Osgood – ou seria Brown? – finalmente solta seu inesquecível “Ninguém é perfeito”!