Ricardo F. Santos | 28 de maio de 2012

MIB – Homens de Preto 3 | Crítica

  No quarto parágrafo, há algumas revelações sobre a trama (nada muito revelador, mas esteja avisado) Viagem no tempo sempre foi um dos temas mais interessantes da ficção científica no cinema, tendo ganhado boas obras que fazem jus a seu imenso potencial – a maior delas, sem dúvidas é a trilogia De Volta para o […]

 

No quarto parágrafo, há algumas revelações sobre a trama (nada muito revelador, mas esteja avisado)

Viagem no tempo sempre foi um dos temas mais interessantes da ficção científica no cinema, tendo ganhado boas obras que fazem jus a seu imenso potencial – a maior delas, sem dúvidas é a trilogia De Volta para o Futuro. E é justamente dessa fonte da qual MIB – Homens de Preto 3 toma bastante inspiração, rendendo uma aventura divertida e que rende ótimos momentos.

A trama traz o agente J (Smith) voltando para o ano de 1969, na tentativa de salvar seu parceiro K (Jones) do perigoso alienígena Boris, o Animal (Jemaine Clement) que após assassiná-lo no passado, criou uma realidade alternativa onde a Terra é vítima de uma invasão. Com a ajuda do rejuvenescido K (Josh Brolin), J deverá impedir o vilão e salvar o mundo.

Foram dez anos desde o último MIB, e se o longa anterior não alcançava o mesmo nível do original, é um progresso notar como o terceiro filme já é um aprimoramento. O roteiro de Etan Cohen, David Koepp, Jeff Nathanson e Michael Soccio (apesar de apenas Cohen ser creditado) mostra-se mais forte e melhor trabalhado, ousando (e divertindo-se) com os conceitos de viagem no tempo. Muitas vezes na forma de Griffin (o relaxado Michael Stulhbarg, de Um Homem Sério), o texto cria discussões interessantes ao mesmo tempo em que brinca com a ideia de que uma simples ação pode mudar o futuro de meios inimagináveis (vide a piada com K esquecendo a gorjeta).

Dentro dessa lógica de viagens no tempo, é importante ressaltar que o diretor Barry Sonnenfeld não as leve tão a sério (e nem deveria, já que isso é uma comédia). No entanto, isso não impede que os roteiristas cometam erros enormes de continuidade. Exemplo: quando J luta contra Boris no clímax, ele usa o dispositivo de viagem no tempo para retornar a alguns minutos atrás e aprender os golpes de seu oponente. Mas ao voltar no tempo, deveria haver dois agentes J (da mesma forma como acontece com Boris, que retorna e alia-se com sua própria versão de 1969) e não um agente J que tenha a consciência da informação que acabou de obter. Não sou nenhum expert no assunto, mas há uma irregularidade aí.

Ainda assim, com o cenário seiscentista bem estabelecido (há espaço para boas gags envolvendo celebridades da época), o elenco consegue trabalhar à vontade. Will Smith está habitualmente carismático e Tommy Lee Jones mantém sua boa presença – mesmo que em tempo consideravelmente menor em tela – mas quem chama a atenção é o ótimo Josh Brolin, que recria com sucesso e maestria os maneirismos de Jones como o jovem K, conseguindo também acrescentar uma camada de sentimentalidade ao personagem e uma química genuína com Smith – merecendo uma indicação ao Oscar pela impecável performance. Do lado alienígena do elenco, Jemaine Clement faz de Boris um belo vilão, mesmo que o mérito de sua presença fique mais em sua caracterização do que atuação.

Acertando também nas sempre incríveis maquiagens de Rick Baker, MIB – Homens de Preto 3 é um belo entretenimento e que traz conceitos de viagem no tempo muito interessantes e momentos sentimentais convincentes. Citando Griffin, essa é uma realidade na qual o terceiro filme se sai até melhor do que o primeiro.