Igor Lino | 29 de abril de 2012

Sete dias com Marilyn | Crítica

Há 50 anos morria Norma Jeane Mortensen, aos 36 anos, provavelmente de overdose de remédios. Mas o mundo chorou a morte de Marilyn Monroe, porque na realidade Norma Jeane já tinha morrido há muito tempo. A história da maior estrela que Hollywood já teve é conturbada, e alterna entre o glamour e a decadência – […]

sete-dias-com-marilyn
Há 50 anos morria Norma Jeane Mortensen, aos 36 anos, provavelmente de overdose de remédios. Mas o mundo chorou a morte de Marilyn Monroe, porque na realidade Norma Jeane já tinha morrido há muito tempo.

A história da maior estrela que Hollywood já teve é conturbada, e alterna entre o glamour e a decadência – a mesma mulher que namorou o presidente dos Estados Unidos também viveu um affair com o Terceiro Diretor de um dos filmes em que atuou. É exatamente sobre esse envolvimento peculiar do então jovem Colin Clark com a Sra. Monroe que o filme Sete dias com Marilyn trata. A história real foi revelada em detalhes em um livro lançado no ano de 1995 pelo próprio Clark.

Mas o longa usa um recorte da vida da atriz para expô-la da forma mais crua possível. Michelle Williams assumiu o desafio de encarnar um ícone, e explica em diversas cenas porquê recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz pelo papel. A instabilidade emocional de Marilyn é retratada com maestria pela atriz. A persona Marilyn Monroe consome o corpo e a alma de Norma Jeane de uma forma tão intensa, que a mulher por trás do mito sequer sabe quem é, o que quer, o que gosta. Cercada de abutres, qualquer tipo de aproximação humana não lhe soa verdadeira e, no fundo, não é. Ela é o primeiro caso de uma pessoa-marca. Carregava consigo o símbolo da perfeição americana, da inocência provocativa e de fato era um imã de atenções. Williams, em uma interpretação sensível, parece ter entendido como Marilyn Monroe se sentiu.

O problema é quando a pessoa que vive esta loucura percebe como é incoerente a vida que leva. E portanto os tais Sete dias com Marilyn são dela com ela mesma, que um rapaz teve o privilégio de  testemunhar, apenas. Foram dias em que o mito estava exposto à anônima presa lá dentro. E no final, ela entende que não sabe mais quem é Norma Jeane, e precisa voltar a interpretar o papel que já ensaiou.

O trabalho de figurino, direção de arte e a contextualização de época do filme é excelente. Mas como não poderia deixar de ser, o foco está sempre em Marilyn.

Em tempo: Uma nova série chamada Smash conta a história da produção de um musical sobre a vida da estrela. Com Angelica Huston e Debra Messing (de Will and Grace), vale a pena conferir alguns episódios.

Direção: Simon Curtis

Roteiro: Adrian Hodges e Colin Clark

Duração: 99 minutos

Elenco: Michelle Williams, Eddie Redmayne, Emma Watson e Kenneth Branagh