Cassia Alves | 29 de abril de 2012

Philippe Garrel

A nova geração cinéfila que tanto dá audiência a sites de cinema talvez conheça o filho de Philippe. Louis. Ainda que ambas as carreiras no cinema estejam conectadas por trabalhos em conjunto, Louis, além de ator e belo, é extremamente midiático. Seu pai, diretor festejado em rodinhas esnobes, já faz o tipo recluso. Com uma […]

A nova geração cinéfila que tanto dá audiência a sites de cinema talvez conheça o filho de Philippe. Louis. Ainda que ambas as carreiras no cinema estejam conectadas por trabalhos em conjunto, Louis, além de ator e belo, é extremamente midiático. Seu pai, diretor festejado em rodinhas esnobes, já faz o tipo recluso.

Com uma carreira que já registra 30 longas metragens, o último lançado no festival de Veneza do ano passado e o primeiro às vésperas do maio de 68, Garrel é uma espécie de estranho no ninho francês. Ainda que seja contemporâneo de cineastas como Godard, Lelouch, Rohmer e Truffaut jamais se alinhou ao movimento consagrados por alguns desses chamado Nouvelle Vague.

Figura constante de festivais, Garrel gosta de falar de amor – matéria prima da maioria de seus filmes. “Amantes constantes”, potencialmente o filme que mais lhe rendeu elogios, é certamente a fita que mais lhe rendeu prêmios – entre eles o Leão de prata de melhor diretor no festival de Veneza de 2005. No terceiro filme em que dirigiu seu filho, Garrel abordou o romantismo inerente às memórias francesas dos anos 60. É um filme tecnicamente arrojado e muito emocional no discurso. Esse refinamento nem sempre esteve presente na obra do cineasta. Em filmes como “Liberté, la nuit” (1983), Garrel acumulava as funções de diretor, roteirista, produtor e editor. Diferentemente do que ocorre com os irmãos Coen, por exemplo, o acúmulo de funções comprometia o resultado final e, naquela época, Garrel era beneficiado pela boa vontade internacional com o cinema francês. Em alguns filmes da década de 70 ele chegou, inclusive, a atuar ao lado de sua esposa à época, a atriz e cantora alemã Nico. Como ator, Garrel era pouco notável. Mas é inegável que a experiência plural no cinema, o calejou para a boa fase que passou a viver a partir da metade da década de 90. As produções passaram a ser mais espaçadas e melhor pensadas. Na última década, por exemplo, foram apenas três filmes. Todos sucessos de crítica. De quebra, o diretor ainda ajudou a consolidar seu filho como ator cult. Mas ambos fracassaram em fazer da primeira fita de Garrel na atual década algo palatável. A crítica considerou “Un été Brûlant” o pior filme exibido no festival de Veneza no ano passado. Ainda sem distribuição garantida no Brasil, a Imovision que costuma distribuir as fitas do diretor no Brasil não trabalha com nenhuma previsão a respeito, o mais recente Garrel corre o risco de ficar na geladeira. Mas a nudez de Mônica Bellucci, uma das poucas coisas elogiadas no filme, pode redimir a espera dos fãs brasileiros desse verdadeiro “enfant terrible” francês.