Raphael Camacho | 20 de abril de 2012

cine nerd: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

“How happy is the blameless vestal’s lot! The world forgetting, by the world forgot. Eternal sunshine of the spotless mind! Each pray’r accepted, and each wish resign’d” – Alexander Pope, ‘Eloisa to Abelard’. Olá Nerds! Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind – 2004) foi uma grata surpresa quando […]

eternal_sunshine_of_the_spotless_mind.jpgeternal_sunshine_of_the_spotless_mind.jpg

“How happy is the blameless vestal’s lot! The world forgetting, by the world forgot. Eternal sunshine of the spotless mind! Each pray’r accepted, and each wish resign’d” – Alexander Pope, ‘Eloisa to Abelard’.

Olá Nerds!

Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind – 2004) foi uma grata surpresa quando de seu lançamento nos cinemas. Dirigido pelo egresso dos videoclipes Michel Gondry (O Besouro Verde – 2011 e Rebobine, Por Favor – 2008), o filme é a cara de seus clipes: um sonho ambulante, com muita bizarrice.

Contando o romance fadado à falha de Joel Barrish (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) vemos a relação de um homem introvertido com uma jovem independente e inconstante, que se envolvem com uma revolucionária técnica que pode fazer você esquecer de memórias traumáticas… até de um coração ferido. As atuações do casal principal é fantástica e todo o filme brinca com as construções da memória, e como a mente pode se recuperar de traumas.

O método de filmagem de Gondry é muto peculiar. Muitos dos diálogos e cenas foram improvisadas no momento, baseados apenas em linha-guia do roteiro. O diretor comanda seus câmeras silenciosamente (por pontos eletrônicos) deixando que os atores se movessem livremente em cena.

Jim Carrey e Kate Winslet dublaram ao vivo as crianças que os representam em uma das memórias de Joel, uma forma do diretor fazer com que a interpretação fosse espontânea. Espontaneidade também não faltou na cena em que Joel e Clementais veem um Circo na rua. A cena foi improvisada para aproveitar o momento inusitado, e Jim Carrey não sabia que Kate Winslet sumiria, ficando genuinamente chateado e perdido em cena.

Uma realidade das gravações foi que todas as cenas gravadas em trens, foram gravadas em trens reais em movimento. Nestas cenas a música toca livremente enquanto os personagens conversam e para quando eles param de falar, uma inversão das linhas do roteiro, que teria a música tocando nos momentos de silêncio dos personagens, que serviu para aumentar o desconforto das pausas.

Pela mistura de inovação e tradicionalismo do diretor, muitas das cenas do filme foram criadas com efeitos visuais clássicos, sem ajuda de computadores, com truques de edição, câmeras e truques de set. A cena da cozinha, com Joel como criança, foi criada com uma bem elaborada perspectiva forçada (como a usada com os Hobbits em O Senhor dos Anéis). Uma boa interação ator/diretor pode ser vista também na cena em que Joel revisita sua sessão de limpeza de memória. Joel parece duas vezes em cena, Jim Carrey tirava e colocava sua touca e jaqueta sempre que o personagem era mostrado sentado ou em pé, sem efeitos especiais.

Uma obra muito bonita sobre amor, memória e, por que não, “desconstrução” do ‘eu’. Infelizmente dadas as restrições de tamanho e tempo, algumas cenas e plots secundários acabaram perdidos nas edições. Uma cena que abriria e encerraria o filme mostraria Clementine mais velha, novamente fazendo o procedimento de esquecimento, mostrando que ela já fez o mesmo diversas vezes, todas para esquecer Joel. No fechamento, Joel ligaria para Clementine, mas a equipe do procedimento apaga a mensagem. Uma montagem em meio ao filme mostraria outros usos para o procedimento des esquecimento: um soldado esquecendo a morte de amigos em campo de batalha, uma garota esquecendo um estupor na juventude, Mary (Kirsten Dunst) esquecendo do seu caso com o Dr. Howard (Tom Wilkinson) que resultou em um aborto etc.

Mesmo não sendo um dos filmes mais nerds já vistos aqui na coluna, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança é um filme que vale a pena ser visto, principalmente com suas discussões filosóficas sobre memória e amor romântico.

Até semana que vem com mais Cinema Nerd!