Heitor Machado | 9 de abril de 2012

Titanic – Os protagonistas que ninguém botava fé

Lembra quando éramos todos jovenzinhos e Leonardo DiCaprio fazia um sucesso tremendo entre as garotas? Os meninos morriam de ciúmes e insistiam em rebaixar as qualidades do rapaz dizendo que ele era isso, aquilo e um pouco mais. Mais de dez anos se passaram desde a famigerada estréia de Titanic, e todos os meninos que […]

Lembra quando éramos todos jovenzinhos e Leonardo DiCaprio fazia um sucesso tremendo entre as garotas? Os meninos morriam de ciúmes e insistiam em rebaixar as qualidades do rapaz dizendo que ele era isso, aquilo e um pouco mais. Mais de dez anos se passaram desde a famigerada estréia de Titanic, e todos os meninos que maldiziam DiCaprio tiveram que morder a língua.

Dentro da Academia o então jovem ator já era mais ou menos conhecido, tendo sido indicado aqui e ali como Melhor Ator Coadjuvante (por Aprendiz de Sonhador) e começava a ganhar certa notoriedade com alguns papeis mais sérios, como foi o caso de Diário de um Adolescente, no papel de um jovem viciado, Eclipse de uma Paixão, encarnando o poeta Arthur Rimbaud como par romântico de Paul Verlaine (interpretado por David Thewlis) e o modernete Romeu e Julieta.

Mas o sucesso de Titanic virou seu mundo de cabeça para baixo. O ator passou a ser visto como símbolo sexual por uma geração apaixonada por seus traços de menino-criança. Curiosamente, ao mesmo tempo em que o longa permitiu que sua carreira deslanchasse de vez, colocou diante de seu caminho uma interrogação. O que seria de Leo depois da fama?

As respostas, certamente, tendiam para o lado negativo, de que o jovem ator faria mais um ou dois filmes e depois morreria no anonimato. Bem, nos primeiros anos após o naufrágio do navio essas pessoas não estavam de todo erradas. Pois seu filme seguinte, O Homem da Máscara de Ferro, não foi bom o suficiente para provar todo o talento que Leo escondia. Nem mesmo o papel do divertido Frank Abagnale em Prenda-me se for capaz conseguiu convencer a multidão do-contra.

Foi somente na pele do jovem Amsterdam Vallon, sob o olhar atento de Scorsese em Gangues de Nova York, que DiCaprio começou a desabrochar como ator. A partir daí, a pose de bom moço foi pouco a pouco sendo destruída para enfim dar lugar àquela que realmente corresponde à realidade: a de um bom ator, de fato.

Mais ou menos o mesmo ocorreu com Winslet. Antes de Titanic ela havia participado de algumas (boas) produções, como Razão e Sensibilidade e Hamlet. Mas após o longa de James Cameron sua carreira teve alguns altos e baixos até 2004, quando ela contracenou com Jim Carrey em Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Seu nome voltou a ser mencionado entre o público (pois entre a crítica jamais deixou de sê-lo) e, desde então, vem atuando cada vez melhor em filmes cada vez mais consistentes.

É a maturidade chegando à porta de nossos dois queridos protagonistas? Mais de dez anos se passaram antes que pudessem contracenar novamente, em um filme cuja atmosfera nada lembra aquela aventuresca e melodramática do velho navio. Foi Apenas um Sonho trouxe nostalgias a quem presenciou a ascensão da carreira de ambos. À época de Titanic, ninguém poderia dizer que seriam carreiras brilhantes e pontuadas de excelentes momentos, confirmando somente que Winslet e DiCaprio são dois dos melhores atores de suas gerações.