Igor Lino | 3 de abril de 2012

Xingu | Crítica

Quando o filho de Orlando Villas Bôas levou a Fernando Meirelles um pouco da história de seu pai, o diretor sabia que precisava filmar o grande roteiro que era a vida daquele homem. Convidou Cao Hamburger, que conduziu o projeto com a sensibilidade que cabia. O resultado é um belo filme que conta uma história […]

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Quando o filho de Orlando Villas Bôas levou a Fernando Meirelles um pouco da história de seu pai, o diretor sabia que precisava filmar o grande roteiro que era a vida daquele homem. Convidou Cao Hamburger, que conduziu o projeto com a sensibilidade que cabia. O resultado é um belo filme que conta uma história de heroísmo que não poderia ser mais contemporânea. Xingu já arrebatou um prêmio de público no Festival de Berlim e agora aguarda para ser exibido na mostra do prestigiado Festival Tribeca.

Orlando (Felipe Camargo), Leonardo (Caio Blat) e Cláudio Villas Bôas (João Miguel) foram três irmãos brasileiros que ajudaram a desenvolver o interior do Brasil e perceberam o ônus que isso seria à natureza e às comunidades indígenas. Preocupados com as consequências do avanço, começaram o projeto que deu origem à Reserva Indígena do Xingu, que existe até hoje no norte do Mato Grosso, e tem quase toda sua totalidade preservada.

Cao escolhe planos muito abertos, que dão dimensão da natureza de que se está falando – arrisco dizer, talvez a protagonista da história – e planos muito fechados, que ele definiu como uma imersão na alma de cada personagem. E cada um dos atores viveu intensamente a proposta, com destaque absoluto para João Miguel. Os conflitos que Cláudio viveu foram intensos, e o ator explora a personalidade dele com sabedoria de veterano. Os atores indígenas também se entregam tão bem à história de seu povo, que às vezes é difícil lembrar que estão atuando.

A produção, muito bem feita, dá um caráter documental à narrativa dirigida por Cao Hamburger. Em tempos que sustentabilidade vale dinheiro, Xingu vem lembrar daqueles verdadeiros heróis que fizeram tudo por amor.

Diretor: Cao Hamburger

Roteiro: Cao Hamburger, Elena Soarez, Anna Muylaert

Elenco: João Miguel, Caio Blat, Felipe Camargo, Maria Flor

Duração: 102 minutos