Beleza Adormecida | Crítica
É frustrante ver uma boa premissa ser desperdiçada. Ainda mais uma que traz a linda Emily Browning completamente exposta durante grande parte da projeção, como é o caso de Beleza Adormecida, gélido longa australiano de Julia Leigh que perturbou muita gente no Festival de Cannes do ano passado. A trama (se é que podemos batizar assim […]
É frustrante ver uma boa premissa ser desperdiçada. Ainda mais uma que traz a linda Emily Browning completamente exposta durante grande parte da projeção, como é o caso de Beleza Adormecida, gélido longa australiano de Julia Leigh que perturbou muita gente no Festival de Cannes do ano passado.
A trama (se é que podemos batizar assim o desenrolar das ações aqui) gira em torno da jovem Lucy. Não sabemos quem ela é, nem o que ela quer da vida; apenas que é carente, tem muitos empregos e que mergulha em uma carreira muito peculiar ao aceitar uma proposta vinda da misteriosa Clara (Rachel Blarke). Nela, Lucy deve apenas dormir e acordar, mas sem ter consciência do que se passa nas horas em que ela permanece desacordada.
Apenas o espectador e a tal Clara sabem, mas Lucy está vendendo seu corpo para idosos impotentes enquanto dorme. As cenas que mostram Browning completamente nua são desconfortáveis e incomuns, assim como o comportamento (outrora cruel, como queimá-la com um cigarro, outrora curioso, como carregá-la pelo quarto) de seus “clientes” ao ver seu corpo adormecido. A atriz se entrega inteiramente ao papel, mas ainda assim é uma performance fraca e inexpressiva – já que o roteiro de Leigh não parece se esforçar para tentar descobrir quem é essa jovem, ou no mínimo tecer alguns bons diálogos.
O minimalismo estético adotado pela diretora é até interessante na criação de alguns planos (e certamente exigiu muito ensaio de seu elenco razoável), mas a subjetividade da trama dificulta sua execução. É impossível criar apego por algum personagem, e Beleza Adormecida torna-se entediante ao adotar uma narrativa latente e que não se importa em oferecer respostas ou analisar sua protagonista.
Beleza Adormecida poderia ter sido muito melhor se o roteiro tivesse mais superfície, e expusesse-se como Emily Browning.
Título Original: Sleeping Beauty – Austrália | 2011
Direção: Julia Leigh
Roteiro: Julia Leigh
Elenco: Emily Browning, Rachel Clark, Hugh Keays-Byrne, Peter Carroll.