Henrique Balbi | 22 de fevereiro de 2012

Oscar 2012 – De Volta ao Passado

Experimente olhar a lista de indicados ao Oscar de Melhor Filme de 2011 e, em seguida, olhar a lista dos indicados deste ano. Precisa de uma ajudinha? No ano passado os indicados foram: Cisne Negro, O Vencedor, A Origem, Discurso do Rei, A Rede Social, Minhas Mães e Meu Pai, Toy Story 3, 127 Horas, […]

Experimente olhar a lista de indicados ao Oscar de Melhor Filme de 2011 e, em seguida, olhar a lista dos indicados deste ano. Precisa de uma ajudinha? No ano passado os indicados foram: Cisne Negro, O Vencedor, A Origem, Discurso do Rei, A Rede Social, Minhas Mães e Meu Pai, Toy Story 3, 127 Horas, Bravura Indômita e O Inverno da Alma. Já em 2012 temos: Os Descendentes, Árvore da Vida, Histórias Cruzadas, A Invenção de Hugo Cabret, O Homem que Mudou o Jogo, Cavalo de Guerra, O Artista, Meia-Noite em Paris e Tão Perto Tão Forte.

Em 2011 apenas dois filmes podem ser considerados ‘de época’ ou filmes que remontem a volta ao passado nos cinemas – coincidentemente ou não, um deles foi o grande vencedor da categoria. Já no ano atual, seis filmes da lista de melhores se encaixam na característica, sem esquecer de Sete Dias com Marylin, A Dama de Ferro, O Espião que Sabia Demais e Albert Nobbs, que concorrem em outras ótimas categorias.

Será que o cinema está passando por uma fase de reconsideração de seus valores iniciais ou será apenas uma fase de apreciação de modelos mais antigos, visto que foi muito freqüente a temática mais moderna nos últimos anos? A verdade é que, assim como no ano passado O Discurso de Rei venceu em diversas e importantes categorias, neste ano o favoritíssimo é O Artista. O longa, conta a história de George Valentin (Jean Dujardin), estrela do cinema mudo da década de 20 que começa a perder território com a chegada do cinema falado – sim, uma temática muito parecida com a do filme O Crepúsculo dos Deuses, de 1950. E, se pensarmos bem, desde a entrada do século XXI, a entrega das estatuetas de ouro para melhor filme não teve filmes muito parecidos com O Discurso de Rei e (muito menos) com O Artista.

O que pode estar acontecendo é a afloração do saudosismo, da nostalgia. Temos vivido em um mundo em que a tecnologia, as transformações visuais e as grandes histórias mirabolantes fazem parte do cotidiano. Mas não só do cotidiano: tais hábitos também foram passados para os filmes, os programas de televisão, os livros e as grandes reportagens. Sentimos estar cada vez mais dentro de filmes, representados por nossas próprias vidas. A necessidade de mudança no cinema pode estar vindo de uma necessidade de mudança interna para que não fiquemos mais tão aficionados por temas perturbadores e extremamente modernos e pensantes. Quer queira ou não, o cinema antigo é tão mais simples e tão bonito que vale a pena voltarmos nossos olhos e corações para ele novamente.