Cassia Alves | 14 de fevereiro de 2012

Especial Hugo – Scorsese e cinema, tudo a ver

Por que Martin Scorsese está à frente de um filme infantil? “A invenção de Hugo Cabret” não é um filme infantil qualquer. Adaptado da obra de Brian Selznick (membro de uma das famílias mais tradicionais de Hollywood, o clã do megaprodutor David O. Selznick) o filme promove o melhor de dois mundos: uma homenagem ao […]

Por que Martin Scorsese está à frente de um filme infantil? “A invenção de Hugo Cabret” não é um filme infantil qualquer. Adaptado da obra de Brian Selznick (membro de uma das famílias mais tradicionais de Hollywood, o clã do megaprodutor David O. Selznick) o filme promove o melhor de dois mundos: uma homenagem ao cinema e uma aventura temperada pelo 3D (a principal ferramenta da moda). São dois dos interesses de Scorsese. A produção de aproximadamente U$ 170 milhões revela, por trás da história de aventura e descobertas, um amor ao cinema que poucos cineastas podem reclamar para si. Scorsese é um desses poucos cineastas.

Em 2004, quando trouxe ao mundo, em “O aviador”, a biografia sobre o excêntrico Howard Hughes, Scorsese lapidou um material que também fustigava o amor pela sétima arte. Hughes, para quem não sabe ou não viu a fita, era um apaixonado por cinema. Além de produzir e dirigir alguns filmes, Hughes relacionou-se com muitas estrelas de cinema.

Tanto em “O aviador” como em “A invenção de Hugo Cabret”, Scorsese destila não só seu conhecimento pelo cinema, como também seu imenso carinho pela maior de todas as artes. No novo filme, um dos principais personagens é Georges Méliès. Embora não seja reconhecido nos Estados Unidos como um dos precursores da sétima arte, internacionalmente Méliès é tido como um dos principais responsáveis pelo surgimento do cinema. É essa figura que Scorsese honra no novo filme. Mas não só. A própria jornada do protagonista, Hugo (Asa Butterfield) é cinematográfica – no sentido de se confundir com o surgimento do cinema.

Ao apresentar a história de um menino que é tocado pela magia do cinema, Scorsese, realiza seu filme mais pessoal. Sem gangsters, com o deslumbramento do 3D e a disposição de encantar-se pelo potencial narrativo do cinema. Se devemos todos ser como crianças, talvez, esteja aí a resposta do por que Scorsese, aos 69 anos, rodou um filme infantil.