| 2 de janeiro de 2012

Entrevista: Victor Lopes, diretor de ‘As Aventuras de Agamenon, o Repórter’

O cinema nacional começa 2012 com comédia. Estreia na próxima sexta-feira, dia 06, As Aventuras de Agamenon, o Repórter. O filme é baseado em uma coluna dominical do jornal O Globo, de Marcelo Madureira e Hubert, integrantes Casseta & Planeta sobre um personagem fictício: o repórter Agamenon. Para saber um pouco mais sobre o desafio […]

Victor Lopes_As Aventuras de Agamenom, o Repórter

O cinema nacional começa 2012 com comédia. Estreia na próxima sexta-feira, dia 06, As Aventuras de Agamenon, o Repórter. O filme é baseado em uma coluna dominical do jornal O Globo, de Marcelo Madureira e Hubert, integrantes Casseta & Planeta sobre um personagem fictício: o repórter Agamenon. Para saber um pouco mais sobre o desafio de transpôr este personagem para os cinemas, o Salada de Cinema entrevistou Victor Lopes, o diretor do filme. Acompanhe:

Salada de Cinema –   Pelo material enviado pela assessoria de imprensa, você quem sugeriu fazer um filme sobre o repórter Agamenon, personagem fictício criado por Marcelo Madureira e Hubert. O senhor sempre achou que o tal repórter poderia virar filme ou foi a partir de uma coluna específica do jornal O Globo?

Victor Lopes – Em 1984, então estudante de Cinema na Universidade Federal Fluminense, conheci Agamenon Mendes Pedreira nas páginas de “Planeta Diário” e logo fiquei encantado com o texto e o personagem. Nascia ali a ideia de um dia fazer um filme sobre o falso jornalista, que associei a filme Zelig, de Woody Allen, lançado um ano antes, misturando imagens de arquivo e cenas de ficção num exercício cinematográfico desafiador e potencialmente explosivo.

Para minha surpresa, Hubert e Marcello Madureira, autores do texto de Agamenon, nunca tinham considerado a adaptação da biografia do jornalista para o cinema. Fiz um primeiro argumento do projeto, eles toparam, começamos a trabalhar as primeiras versões do roteiro em 2008, e depois junto com o produtor Flávio Tambellini, num desenho de produção que viabilizasse o filme.

Com a evolução da nossa indústria audiovisual, as novas tecnologias digitais de filmagem e efeitos especiais, as propostas originais da idéia tornaram-se mais concretas. Um belo desafio cinematográfico que encaramos com força e que resultou numa comédia de aventuras, e maus costumes, sem antecedentes!

Salada de Cinema –    O filme, por acaso, surgiu como termômetro para descobrir do público se os humoristas do programa Planeta e Casseta – que volta à grade de programação da Rede Globo em abril de 2012- ainda agradam o telespectador?

Victor Lopes – A coluna e livros do Agamenon Mendes Pedreira sempre foram um trabalho paralelo do Hubert e do Marcelo Madureira, sem envolver os outros “Cassetas”, e isso foi preservado no filme. Fizemos um trabalho em cima do personagem, com liberdade total para viajar no tempo e nos sentidos, sem nenhum compromisso direto com o trabalho anterior dos dois. Mas é claro que o humor dos Cassetas também está no DNA dos autores do Agamenon, então é natural que alguma marca do grupo também esteja presente no filme, entre muitas outras referências que constrõem o mito do grande jornalista.

Pessoalmente, considero os Cassetas uma banda formada por grandes solistas, e achei ótimo trabalhar com dois deles. Agora, quanto ao termômetro, sugiro uma consulta ao Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo, que domina com grande habilidade o instrumento.

Salada de Cinema- O elenco de As Aventuras de Agamenon é repleto de nomes ilustres. Como foi dirigir nomes de peso como Fernanda Montenegro, Jô Soares e Nelson Motta?

Victor Lopes – Foi um privilégio trabalhar com um elenco que une várias gerações de grandes talentos. Do Marcelo Adnet, que considero, além de grande ator, um dos maiores entertainers do Brasil hoje e sempre, até a sumidade de Fernanda Montenegro, Hubert e Marcelo, Luana Piovanni, Pedro Bial, Miéle, Leandro Firmino, Guilhermina Guinle, Tonico Pereira, e todos os outros… Que fartura! Para mim foi uma aula e um prazer elaborar um filme em conjunto com tantas pessoas com quem a gente tem vontade de encontrar e atravessar o dia recriando o mundo.

Para um cineasta que é também documentarista, As Aventuras de Agamenon, o Repórter foram uma grande farra, que só fez aumentar a minha vontade de seguir trabalhando com atores por muito tempo.

Salada de Cinema – Quais os principais desafios de fazer um filme sobre comédia no Brasil?

Victor Lopes – A comédia vive um grande momento no nosso cinema (deu até na revista “Variety”) e torcemos para que Agamenon faça parte da afirmação de um gênero que fala fundo com o espectador brasileiro. Acho que formou-se nos últimos anos um nicho que traduz a demanda para o humor nacional no cinema, o que é excelente, e nos faz dar os próximos passos também. Mas no fundo, o nosso desafio é o mesmo dos palhaços, sempre fazer o público rir, e sair do cinema com algumas gargalhadas e memórias inesquecíveis para levar.

Salada de Cinema – Quais são seus planos profissionais para 2012? Já existe um novo projeto?

Victor Lopes – Em 2012, além de As Aventuras de Agamenon, o Repórter, lanço Serra Pelada – A Lenda da Montanha de Ouro, o meu novo documentário de longa-metragem, sobre a maior corrida do ouro do século XX. É um filme que comecei há dez anos e que traz um retrato contundente da história recente do Brasil.

Será meu quarto longa lançado em oito anos, e na sequência parto para um novo filme de ficção, O Drible, sobre a origem do futebol no Brasil. O projeto, que retrata o encontro do um negro com a bola de futebol numa fazenda de café decadente, já foi premiado na Espanha pelo projeto Ibermedia, e nos festivais de Roma e Buenos Aires. É mais uma história que tem de ser contada e por isso espero produzi-lo até 2014.