Maira Giosa | 28 de dezembro de 2011

Entrevista: Alex Reis, ator de ‘Abajour’

Como a maioria dos atores brasileiros, Alex Reis começou sua jornada nas artes através do teatro. Já foi dirigido pela grande Marília Pêra e interpretou Jesus Cristo na peça “A Paixão de Cristo”, em 2007. Esse paranaense, que em 1996 veio para a cidade maravilhosa jogar futebol (o fato que muito desconhecem é que Alex […]

Alex Reis_O Abajour

Como a maioria dos atores brasileiros, Alex Reis começou sua jornada nas artes através do teatro. Já foi dirigido pela grande Marília Pêra e interpretou Jesus Cristo na peça “A Paixão de Cristo”, em 2007. Esse paranaense, que em 1996 veio para a cidade maravilhosa jogar futebol (o fato que muito desconhecem é que Alex veio para o Rio de Janeiro jogar no Flamengo, tendo treinado até com o Romário) deixou o mundo artístico falar mais alto e atualmente começa a aparecer nas telonas. Após uma participação em “Muita Calma Nessa Hora”, de Bruno Mazzeo, esse natural de Cascavel queria mais. Depois de muitas conversas com atores, amigos e técnicos de cinema, surgiu o longa O Abajour, dirigido por Marcoz Gomez, que está em fase de pós-produção. O longa conta a história de um homem chamado Guilherme (que ganha vida através da atuação de nosso entrevistado), que tem uma vida invejável, mas esconde um segredo que pode colocar tudo a perder. A produção está fazendo grande sucesso com a circulação do trailer pelas redes sociais.

Sobre o novo filme e sua carreira, fomos conversar com esse jovem ator.

Salada de Cinema – Alex, você já fez alguns curtas em sua carreira. Conte como foi atuar, por exemplo, em Os Profissionais e O Cara Errado?

Alex Reis – Foi uma experiência muito bacana… Naquela época tive com eles a primeira oportunidade de ter um papel de destaque, o que foi um importante aprendizado sobre o processo de construção de personagens, algumas ferramentas no cinema e todo o seu processo.

Salada de Cinema – Como foi o convite para fazer o longa “O Abajour”? Conte um pouco da história e do seu personagem.

Alex Reis – O Abajour surgiu após muitas conversas com atores, amigos e técnicos de cinema… Com toda a organização do fotógrafo Marcoz Gomez (que assina a direção e roteiro), o que era para ser um curta-metragem para dar boas cenas para atores nos quais ele acreditava, o filme e o processo ganharam corpo e, após um ano, ele (Marcoz Gomez) teve muita força e coragem e o curta virou um longa…  O Abajour é um grito por oportunidade!!!! Um filme feito e pensado para os atores que estudam, querem e buscam seu espaço… Fizemos leituras durante um grande período de tempo e ensaios de dois meses… O processo foi muito bom, Marcoz Gomez foi mudando, melhorando o roteiro conforme os atores construíam os personagens a cada ensaio, leitura etc. Não queremos com este filme falar da favela: quem comanda tudo e organiza o PROBLEMA não mora na favela, mora bem e muito bem aqui no asfalto, na cidade, e é isso que nosso filme quer falar… Tirar essa coisa de que bandido tem cara de bandido e mora no morro! Vivemos uma época difícil, muita politicagem, corrupção e tudo faz parte de um grande sistema e os traficantes e o morro apenas fazem parte dele! As famílias tem que abrir os olhos e conhecer quem está andando com seus filhos! Guilherme, meu personagem, é mais um que caiu nessa cilada da vida, da perda dos pais, das más companhias e do dinheiro “fácil”… Conversei com pessoas, estudei muito, li e vi várias coisas, busquei ao máximo me colocar no lugar dele, humanizando e não julgando, pois se julgar, você jamais vai entender por que um cara entra nessa. Foi um processo tão interessante que talvez eu não tenha esta oportunidade novamente no cinema, pois os roteiros praticamente já vêm fechados, mas nós  tivemos a sorte do roteirista também ser o diretor!

Salada de Cinema – Ainda é muito difícil conseguir dinheiro (incentivo/patrocínio) para rodar um projeto desse tipo no Brasil?

Alex Reis – É muito difícil sim. Não só por causa da dificuldade de se chegar ao patrocinador, mas também por toda burocracia necessária para ver seu projeto numa lei de incentivo, porque estando fora da lei de incentivo se torna quase impossível convencer um empresário a colocar a mão no bolso para ajudar. E fazer um filme da forma que fizemos é difícil não só pelos equipamentos e material humano, mas também por toda a logística que faz essa máquina funcionar.Você precisa manter todo grupo unido o tempo inteiro e criar um elo muito firme, além de estar sempre dando uma injeção de ânimo em todos, pois, querendo ou não, o dinheiro praticamente te obriga a seguir as regras e quando ele não faz parte do acordo, essas regras ficam mais fáceis de serem quebradas.

Para fazer um longa metragem independente tem que ter uma determinação fora do comum.

Salada de Cinema – O que é cinema para você?

Alex Reis – Cinema pra mim é Amor… eu fui tocado quando assisti Cinema Paradiso e, a partir desse filme, minha admiração e paixão tomaram níveis interessantes (risos)… Cinema no Brasil é diferente, acho mais “real”, menos efeitos, artifícios modernos e estamos num bom momento novamente, produzindo muitas coisas boas, tirando o amor, o encanto e a luta, né? (risos) Cinema é a arte do EDITOR, o ator não tem o controle: você faz a cena e entrega, não sabe como vai ficar e você pode ter certeza de que o resultado vai ser bem diferente. Dizem que o ator deve, tem que fazer Teatro, precisa fazer TV e merece fazer Cinema (risos).

Salada de Cinema – Já está com futuros projetos? Tem como adiantar alguma coisa para os nossos leitores?

Alex Reis – Estou muito focado na pós-produção e finalização de O Abajour… Mas quero logo fazer outro filme! Algumas Faculdades e cidades estão nos convidando para palestras e workshop para falar sobre o processo e devemos fazer uma viagem para o Paraná… Recebi umas sondagens e roteiros de outros filmes de uma diretora que está no Rio, e de um amigo diretor de São Paulo que deve fazer um filme sobre um dado momento que se passa na Ditadura… Mas, estou até o fim do ano contratado pela Globo e, por isso, tudo tem que ser pensado! Desejo novamente ter a oportunidade de receber um bom roteiro e um personagem no qual eu possa mergulhar, como fiz em “O Abajour”!

Salada de Cinema – Mande um recado para os leitores desse canal e convide-os para ver seu filme.

Alex Reis – Nosso filme foi e está sendo feito com amor, respeito e trabalho… Acho que não podemos ficar reféns de produtores e de um telefonema, que talvez nunca chegue para trabalhar! Então, se você quer ver um filme que foi feito para dar oportunidades aos atores, unir pessoas (digo unir, pois até agora 9.150 pessoas no Facebook já compartilharam nosso trailer) e também para colocar questões socais da classe média e debatê-las, este é o longa certo!

Por favor, sinta-se muito convidado e venha assistir e fazer parte do nosso filme! Vamos manter e ascender o Abajour em todas as cidades.

Um grande beijo, muito obrigado e LUZ.