Reinaldo Glioche | 31 de outubro de 2011

Salada de Cinema entrevista Ricardo Della Rosa, diretor de fotografia de “Os 3”

Ricardo Della Rosa é um dos maiores nomes da fotografia no cinema nacional. Fez filmes como “A Casa de Areia”, “À Deriva” e “Olga”. Recentemente, assinou a fotografia de “O Homem do Futuro”, e agora assina a fotografia de “Os 3”. Além de fotografar o longa, que estreia essa semana, Della Rosa também o produziu. […]

Ricardo Della rosa

Ricardo Della Rosa é um dos maiores nomes da fotografia no cinema nacional. Fez filmes como “A Casa de Areia”, “À Deriva” e “Olga”. Recentemente, assinou a fotografia de “O Homem do Futuro”, e agora assina a fotografia de “Os 3”. Além de fotografar o longa, que estreia essa semana, Della Rosa também o produziu. Nessa pequena entrevista, ele nos conta um pouco como foi realizar o filme, e fala também sobre alguns projetos futuros.

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Salada de Cinema – Conversando com Nando Olival, diretor de “Os 3”, ele nos contou que foi muito difícil achar essa locação. Como foi controlar um espaço tão grande e aberto, fotograficamente?

Della Rosa – O desafio desse filme, fotograficamente falando, além de controlar, foi fazer uma locação relativamente simples, onde fosse possível segurar uma hora de filme, afinal, 80% do filme se passa lá, dentro do apartamento. E também ter um interesse visual por tanto tempo. Era uma locação transparente, e sem paredes, mas com várias camadas. Até para termos profundidade, ainda mais porque filmamos em digital, que dá uma chapada na imagem. Tínhamos um janelão grande de um lado, que a equipe teve a ótima ideia de colar gelatinas diferentes em um acrílico, para cada hora do dia. Por exemplo, sol às três da tarde. Pegava o kit e botava para fora, para manter uma consistência. O som foi um grande problema também. Era uma rua aberta, então passava carro atrás, helicópteros…

Salada de Cinema – O filme foi feito em digital. Mas e os planos do reality show? Como foram feitos?

Della Rosa – Foi com uma câmera doméstica. Depois “judiamos” um pouco a imagem na pós-produção. Projetamos no computador e filmamos a tela, para ficar aquela textura, aquelas linhas.

Salada de Cinema Você também foi o diretor de fotografia de “À Deriva” e “A Casa de Areia”, que são filmes com paisagens belíssimas, e com muitas externas. Esse é o oposto. Você tem alguma preferência de trabalho?

Eu acho que cada filme é um novo desafio. Não tenho preferência por interna, externa. O que realmente me interessa é fazer o desafio. À Deriva, se formos falar, era um desafio de controlar mais do que uma sala. Era a natureza. Casa de Areia foi a mesma coisa. Esse era um ambiente fechado, o que pode parecer mais simples, mas não é. Sempre falava pro Nando que fotograficamente não conseguia elaborar muito bem. Acreditamos também em alguns planos, sem mexer muito. Planos fixos, que contemplam e não querem entrar na ação.

Salada de Cinema E você também assina a produção do filme. Foi sua primeira experiência como produtor? Certa vez li uma entrevista de um diretor e produtor brasileiro, falando que são papéis totalmente opostos, e que o “lado produtor” pode interferir na criação do “lado diretor”. Isso aconteceu?

Della Rosa – Sim, foi minha primeira produção. E o filme nasceu com o conceito de ser feito rápido, com uma determinada quantia de dinheiro. Então achei que o fotógrafo e o produtor sabiam desde início que tinham que fazer, foi positivo para o filme. Mas é óbvio que não é todo projeto funciona assim. Se não fosse o Nando, um amigo pessoal e parceiro de trabalho de muitos anos… Porque muitas vezes como fotógrafo você não tem essa possibilidade de falar para o diretor. Ele quer filmar, quer o tempo dele com os atores, quer ter a chance de mandar aqui, lá. Então não faria isso sem ter uma grande parceria com o diretor.

Salada de Cinema – Como você disse, o Nando é um grande parceiro de trabalho. Vocês tem algum projeto futuro que possa adiantar um pouco?

Della Rosa – Tem sim! Já estamos com dois projetos bem desenvolvidos. Um deles é um thriller político sobre um jovem que vê uma chance de mudar o país de uma maneira muito legal, colocando em risco a própria vida. Um thriller político brasileiro. E outro, chamado “Bem Vindos”, que é provavelmente uma produção internacional. São sete atores, de sete países diferentes, que vêm todos para o Rio. Ele dispara um pouco do turismo sexual, mas a partir disso tem uma transformação.

Por Heitor Machado

Crédito da imagem: Tudo sobre fotografar (blog)