Salada de Cinema entrevista Daniel Gaggini, coordenador e diretor do Festival Cine Favela de Cinema
Estão abertas as inscrições para o 6º Festival Cine Favela, o evento destinado a exibir produções cinematográficas produzidas por associações, ONGs, coletivos, produtores independentes e periféricos de todo o Brasil. As inscrições vão até o dia 30 de setembro. Ano passado, o Festival atraiu um público de 14.600 espectadores e contribuiu para fomentar oficinas de […]
Estão abertas as inscrições para o 6º Festival Cine Favela, o evento destinado a exibir produções cinematográficas produzidas por associações, ONGs, coletivos, produtores independentes e periféricos de todo o Brasil. As inscrições vão até o dia 30 de setembro.
Ano passado, o Festival atraiu um público de 14.600 espectadores e contribuiu para fomentar oficinas de cinema para jovens, distribuindo R$ 20 mil em prêmios. Para este ano, as expectativas são ainda maiores. Daniel Gaggini, diretor do Cine Favela conversou com o Salada de Cinema e explica um pouco mais o conceito do evento. Acompanhe:
Salada de Cinema – Quem ou quais instituições podem se inscrever para o Festival do Cine Favela?
Daniel Gaggini – Podem se inscrever Associações, ONGs, Coletivos, Produtores Independestes e Periféricos de todo o Brasil. Por mais que o Festival deste ano tenha um tema, a mostra competitiva não o tem, ou seja, filmes de todos os gêneros e formatos podem participar.
Salada de Cinema – Como a organização chegou no tema da edição deste ano (“Pixo como expressão da Periferia”)?
Daniel Gaggini – Queremos propor um diálogo com artistas, autoridades e a sociedade sobre este tema tão pouco discutido. O “pixo” é ou não é uma expressão artística? Por que em São Paulo pichadores são presos e na Alemanha, por exemplo, são convidados a participar de grandes eventos artísticos, como a Bienal? Queremos levantar estas questões para proporcionar uma reflexão mais profunda sobre o assunto.
Salada de Cinema – Pela experiência de anos anteriores do Festival, poderia nos dizer como está a produção de audiovisuais na Periferia do país? Fora o Festival Cine Favela, que acontece uma vez por ano, onde mais são exibidos esses trabalhos?
Daniel Gaggini – A produção periférica não para de crescer. Um exemplo é que, no ano passado, recebemos 217 filmes de todo o Brasil e, neste ano, a expectativa é de 400. Existem diversas ações que promovem o cinema periférico, que vão de mostras, festivais e encontros. O que acontece é que os meios de comunicação não se interessam por essas ações e as mesmas acabam não saindo do “gueto”. Temos exemplos bem sucedidos, como o Festival que a CUFA organiza no Rio de Janeiro em parceria com o Centro Cultural Banco do Brasil, o 1º FESTIVAL CINE NA LAJE, uma iniciativa da Comunidade do Jardim Ângela-SP, entre tantas outras espalhadas pelo Brasil.
Salada de Cinema – Para o público que for acompanhar o Festival, quais são as atrações, além dos filmes?
Daniel Gaggini – Além da Mostra Competitiva, levaremos o cinema a escolas públicas com a mostra CINE RECREIO. Também serão oferecidas 03 oficinas de cinema com profissionais de renome, palestras, debates e uma exposição contando a história do Festival estão programadas. E, o mais interessante, todas as atividades serão gratuitas.
Salada de Cinema – Como o cinema tem ajudado na inclusão sociocultural de jovens na periferia?
Daniel Gaggini – A Associação Cine Favela, além do Festival, desenvolve oficinas em seu espaço na Comunidade de Heliópolis, pelas quais já passaram mais de 250 jovens. Acreditamos que o cinema pode ser usado como uma ferramenta de inclusão, pois é uma oportunidade não só de capacitar estes jovens, como também de inseri-los no mercado de trabalho, ou seja, estamos dando opções, e isto é o mais importante.
Por Fernando Império, editor chefe