André Sobreiro | 5 de setembro de 2011

Especial Cowboys & Aliens – Por que cowboys, índios e aliens no mesmo filme poderia ter sido uma boa ideia?

Cowboys e Aliens. Esse título causa estranhamento, não? Sem ver o trailer, ou o filme, ou sequer ler sobre ele, o título em si já possibilita imaginar muito do que a produção pode trazer. Muita gente achou que poderia se tratar de algo cômico, que exploraria o contraste entre os dois filões do cinema. Mas […]

Cowboys e Aliens. Esse título causa estranhamento, não? Sem ver o trailer, ou o filme, ou sequer ler sobre ele, o título em si já possibilita imaginar muito do que a produção pode trazer. Muita gente achou que poderia se tratar de algo cômico, que exploraria o contraste entre os dois filões do cinema. Mas muita gente também achou que poderia render um belo filme.

Imagine as possibilidades que surgem de colocar cowboys, com seus chapéus, fala enrolada e pistolas, ao lado de ETs, com suas naves de alta tecnologia e armas laser. Quanta coisa não poderia sair daí. Dois gêneros opostos do cinema de repente se encontram e desse encontro poderia se explorar muito do contraste entre ambos e também das questões que surgiriam quando uma nave aparece no meio de uma sociedade em que não existiam nem computadores.

No entanto, Cowboys e Aliens, dirigido por Jon Fraveau, deixa de lado muito do que o título gera em possibilidades. Logo quando as naves extraterrestres aparecem atacando a típica cidade faroeste Absolution, já esperamos algo sobre o choque dos cowboys com a situação. Mas não, os moradores se unem para partir em busca dos atacantes, que raptaram algumas pessoas, sem muito questionamento sobre o que aconteceu. Eles não ficam chocados com a tecnologia que viram, nem com o bracelete de Jake Lonergan (Daniel Craig) que solta raios laser com potência para derrubar as naves. Convenhamos, para quem nunca viu a televisão (o filme se passa em 1873) ver luzes que matam deve ser chocante.

Então o filme vira uma perseguição frenética, cheia de ação, com direito a muitos dos elementos de ambos os gêneros literários: bando de bandidos no meio do caminho, índios que capturam os cowboys e muitos tiros de um lado, e uma nave mãe, cheia de ETs que vieram buscar recursos na Terra do outro.

No entanto, o encontro desses elementos deixa a desejar. Eu não sou diretora, roteirista, nem nada… Mas não consigo deixar de imaginar que uma cena clássica dos faroestes – quando o cowboy é filmado de trás, da cintura para baixo, sacando a arma e se preparando para o duelo – simplesmente não aparece. Imagine o contraste disso com a velocidade de um ataque extraterrestre. Além disso, os ETs atacam apenas com o próprio corpo, sem usar armas. Apesar de toda a tecnologia que tem (já que fizeram o bracelete que Jake usa contra eles), partem para o combate desprotegidos, usando apenas a própria força.

Claro que no meio de tanta crítica, vale ressaltar os pontos positivos. Achei interessante a união dos índios com os cowboys contra os aliens. Historicamente, e em quase todos os filmes de cowboys, eles são inimigos mortais dos indos. Afinal, os brancos representam a evolução tecnológica que chegou ao território indígena para matar e acabar com seu domínio. Mas agora os aliens representam a evolução tecnológica que veio dominar e então índios e cowboys se unem contra um inimigo comum.

Mas no geral, o filme parece desorganizado. Nem parece que levou cerca de 10 anos para sair do papel. Em tanto tempo, podiam ter pensando em como explorar os elementos que o título apresenta. Acaba virando só mais uma aventura, sem nada demais, além do nome.

Por Helena Dias