Igor Lino | 14 de julho de 2011

Crítica 2 – Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2

“Harry Potter e as relíquias da morte – parte II” encerra um ciclo de uma década do bruxo que começou na cabeça de J.K. Rowling, para tomar conta do mundo e virar uma verdadeira mania. Devo confessar que nunca me interessei muito pelas magias que aconteciam em Hogwarts, tampouco acompanhei o crescimento dos atores. Por […]

“Harry Potter e as relíquias da morte – parte II” encerra um ciclo de uma década do bruxo que começou na cabeça de J.K. Rowling, para tomar conta do mundo e virar uma verdadeira mania. Devo confessar que nunca me interessei muito pelas magias que aconteciam em Hogwarts, tampouco acompanhei o crescimento dos atores. Por isto tive que assistir à saga inteira em 3 dias para poder ver a última parte e escrever esta resenha crítica. Isto me dá certo distanciamento emocional saudável do contexto para poder avaliá-lo.

Contudo, não posso deixar de considerar que em uma sala de imprensa, ouvi a grande maioria das pessoas chorarem, e, acredite: isto é muito raro. Com certeza não posso diminuir a importância que Harry, Hermione e Roney têm na vida de muita gente. E talvez por isto o filme tenha me decepcionado tanto. A produção parece ter considerado apenas aqueles que acompanham os livros e conhecem muito bem a história, pois errou muito feio na adaptação do roteiro.

As relíquias da morte, por exemplo, não ocuparam 10 minutos do filme (somadas as duas partes), sendo que dá o nome ao livro. Dada sua importância totalmente esquecida no filme, as cenas finais são incompreensíveis e incoerentes. Da mesma forma, dão-se pistas que Dumbledore talvez não seja tão bom quanto parece, mas não se desenvolve a ideia. Somando, muita coisa parece incoerente se não tem explicação: em muitos momentos eles não usam feitiços já realizados anteriormente que poderiam resolver a situação. Para completar, fica parecendo um uso abusivo de Deus ex machina (Quando se tem um problema enorme na narrativa que não pode ser resolvido por nenhum elemento já citado, e então cria-se uma solução que até então não tinha sido mencionada. Isto enfraquece e empobrece muito o filme).

É claro que é quase um épico estarrecedor, cheio de efeitos especiais – como deveria ser – e que tira o fôlego do espectador. O tom sombrio – que, aliás, vem crescendo nos filmes junto a Voldemort – é de deixar qualquer um com frio na barriga. Mas tudo isto se dissipa com constantes quebras neste tom lúgubre, intercalando piadinhas mal colocadas.

Além disso, Daniel Radcliffe tem um filme para tocar quase sozinho. Se na primeira parte divide bastante a responsabilidade com Emma Watson e Rupert Grint, a segunda é dele. E sendo o mesmo Radcliffe sofrível de toda a saga, mais uma vez não consegue passar toda a emoção que as cenas lhe imploram. Agora Harry deixa de ser um menino para ser um homem que vai enfrentar o grande momento de sua vida. É um filme sobre crescer, encarar a realidade e as responsabilidades com coragem, um profundo paralelo com qualquer adolescente anônimo. Há que se ressaltar uma significativa melhora, mas que ainda não é suficiente para chamar uma responsabilidade deste tamanho pra si. Por outro lado, atores magníficos como Helena Boham Carter (Belatriz), não são muito bem aproveitados.

É ruim? Não, não é. É muito bom e deve ser assistido. Mas é cheio de falhas que vão deixar muita gente com uma grande interrogação na cabeça. A pressa em alguns momentos cruciais da narrativa foi mal escolhida.

Mas que razão posso ter diante de um auditório lotado, chorando, vibrando e aplaudindo?

Por Victor Gouvêa