| 19 de maio de 2011

Ontem Lars von Trier, hoje Pedro Almodóvar

Na página oficial do Festival de Cannes, o espaço reservado para as notícias do dia não teve nenhuma menção a declaração da direção do Festival para o diretor Lars von Trier como “persona non grata”, embora seu filme, “Melancholia” continue na competição. Apesar de toda a polêmica, o Festival não parou e o dia foi […]

Na página oficial do Festival de Cannes, o espaço reservado para as notícias do dia não teve nenhuma menção a declaração da direção do Festival para o diretor Lars von Trier como “persona non grata”, embora seu filme, “Melancholia” continue na competição. Apesar de toda a polêmica, o Festival não parou e o dia foi de estreia do novo filme do espanhol Pedro Almodóvar, “La Piel Que Habito”. O diretor disse que  trata-se de uma história de sobrevivência em condições extremas. “Pensei no mito de Frankenstein e sobretudo na ligação com o mito dos titãs e de Prometeu”, conta.

O filme não só foi aceito na competição, mas recebeu aplausos prolongados dos repórteres depois que foi exibido hoje (quinta-feira). Com Antonio Banderas passando por um cirurgião louco, Almodóvar consegue trazer uma espécie de realismo assustador para seu conto de Frankenstein.

Outro filme exibido hoje na mostra competitiva foi o do coreano Hong Sangsoo que volta a seleção oficial de Cannes um ano depois de ter sido vencedor do prêmio da mostra Un Certain Regard 2010 por seu filme “Ha Ha Ha”. Filmado totalmente em preto e branco, “The Day he Arrives” interroga-se sobre os acasos da vida.

“Ichimei” foi o terceiro filme dentro da competição exibido nesta quinta-feira. O filme do japonês Takashi Miike é um remake 3D de “Seppuku”(Hara-Kiri) de Masaki Kobayashi, vencedor do prêmio especial do júri em 1963. Trata-se de uma história de Samurais. Na coletiva de imprensa, Takashi Miike argumentou a escolha de refilmar “Ichimei”: “Não foi o desejo de filmar a violência que me levou a realizar Ichimei. Em contrapartida, é porque sou apaixonado pelo tema do filme que Ichimei se tornou num filme violento. Não é o género que determina o meu cinema. São as personagens do filme que me ditam a via a tomar. Sou controlado pelo cinema e pelas personagens. O meu cinema é o resultado de encontros fortuitos com pessoas e histórias”.

No Cannes Classics, a quinta-feira foi dia de homenagear Stanley Kubrik com duas projeções: “Laranja Mecânica” e “Era Uma Vez… Laranja Mecânica”, este último um documentário de Michel Ciment e Antoine de Gaudemar, quarenta anos depois do original. Reunindo extratos do filme e entrevistas com os protagonistas (o ator Malcolm Mc Dowell, a viúva do cineasta Christiane Kubrick), “Era uma vez… Laranja Mecânica” faz reviver o trabalho visionário de um monumento do cinema. A homenagem continua amanhã com a Lição de cinema de Malcolm McDowell.

Galeria de fotos:

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Por Fernando Império, editor chefe