| 29 de julho de 2010

Uma noite para não ser esquecida

Estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, dia 30 de julho, o documentário Uma Noite em 67. O vídeo, faz uma viagem ao tempo e reconta os acontecimentos de uma certa noite daquele ano, mais precisamente a de 21 de outubro. Foi nesta data a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record e […]

Estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, dia 30 de julho, o documentário Uma Noite em 67. O vídeo, faz uma viagem ao tempo e reconta os acontecimentos de uma certa noite daquele ano, mais precisamente a de 21 de outubro. Foi nesta data a final do III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record e os ânimos estavam exaltados, afinal uma série de acontecimentos políticos e culturais estavam acontecendo naquela época.

O documentário vai trazer imagens de arrepiar para aqueles que gostam da boa música brasileira. E para falar um pouco mais do filme, o Salada de Cinema entrevistou os dois diretores estreantes, o  publicitário Renato Terra e o jornalista e crítico cinematográfico Ricardo Calil. Renato atualmente coordena projetos de internet na revista Piauí. Ricardo, que também estudou Cinema em Nova York e já escreveu para a Gazeta Mercantil, Jornal da Tarde, revista Bravo e para o site NoMínimo, hoje é diretor de redação da revista Trip, crítico de cinema da Folha de S. Paulo e titular do blog Olha Só.

Salada de Cinema – Como foi o trabalho de produção, isto é, como conseguiram convencer tantos ícones da música brasileira a participar do documentário?
Renato Terra e Ricardo Calil – Assim que formatamos o projeto do filme, resolvemos bater na porta da VideoFilmes que, na nossa opinião, é a melhor produtora de documentários do país. A VideoFilmes se interessou pelo projeto e, a partir daí, tudo ficou mais fácil. Trabalhamos com uma equipe extremamente talentosa, experiente e generosa. Somos dois diretores iniciantes, fomos amparados por craques em todas as posições e tivemos o privilégio de ouvir comentários do Eduardo Coutinho e João Moreira Salles sobre nosso filme.

Quem fez todos os contatos com os artistas e agendou as entrevistas foi a equipe da VideoFilmes, liderada pela Beth Accioly. Com exceção do Roberto Carlos e do Paulinho Machado de Carvalho, que falaram conosco por causa do Zuza Homem de Mello – que é consultor do filme -, foi a Beth quem batalhou por cada entrevista.

Salada de Cinema – Vocês disseram que o resultado final é bem diferente do projeto inicial. Essa mudança de linguagem jornalística para cinematográfica acabou ajudando na direção do documentário ou foi um desafio a mais?
Renato Terra e Ricardo Calil – Na verdade, a mudança maior foi no recorte do tema. Cada vez mais, estreitamos o foco para podermos falar profundamente dos assuntos correspondentes a cada música. No início, a ideia era falar da Era dos Festivais a partir das músicas de 1967, mas logo percebemos que seria um filme enorme ou um filme superficial. Fechamos nas 12 finalistas do festival de 1967. Mas, na mesa de montagem, descobrimos que a história que gostaríamos de contar estava concentrada nas 5 primeiras colocadas mais o “Beto Bom de Bola”. E optamos por esse recorte.

Salada de Cinema – De toda a pesquisa e entrevistas que vocês fizeram, a noite de 21 de outubro de 1967 é mesmo para NÃO ser esquecida?
Renato Terra e Ricardo Calil –Não apenas gostaríamos de reavivar as memórias dessa noite, mas também colocar mais uma sementinha para que a boa música brasileira volte a ser tema de debates. Há muita gente nova, que produz músicas muito boas, e poderia ter mais espaço nos meios de comunicação.

Salada de Cinema – Como foi a recepção da plateia na sessão de abertura no Festival ‘É Tudo Verdade’ 2010?
Renato Terra e Ricardo Calil – A gente sempre espera que as pessoas gostem do que fazemos. Mas a recepção do filme até aqui superou nossas expectativas. Pessoas que viveram os festivais intensamente vem nos agradecer no final de cada sessão. Muitas delas com os olhos mareados. As gerações mais novas também dizem “parece que eu estava lá”. Talvez nós tenhamos feito esse filme para “estar lá” também.

Por Fernando Império, editor chefe