André Sobreiro | 25 de junho de 2010

O Profeta

O diretor francês Jacques Audiard tem sido aclamado por onde passa. O motivo é seu mais recente projeto, o filme O Profeta, um dos indicados ao Oscar melhor filme estrangeiro na última edição. Com uma produção bastante contida (foram apenas seis filmes em 15 anos como diretor), Audiard chega com a história de Malik El Djebena, […]

O diretor francês Jacques Audiard tem sido aclamado por onde passa. O motivo é seu mais recente projeto, o filme O Profeta, um dos indicados ao Oscar melhor filme estrangeiro na última edição.

Com uma produção bastante contida (foram apenas seis filmes em 15 anos como diretor), Audiard chega com a história de Malik El Djebena, um jovem de 19 anos de idade preso por uma suposta agressão e condenado a seis anos de reclusão. Na cadeia, o Djebena que tem origem árabe encontra dois grupos predominantes: os corsos italianos e sua força externa com o mundo dos cassinos e os muçulmanos. Como não possui vínculos diretos com nenhum deles, acaba flutuando por ambos, mas sem grande destaque em nenhum.

E é em cima dele, e sua trajetória nesses seis anos que acompanhamos o filme. Djebena, numa excelente interpretação de Tahar Rahim, cumpre uma jornada de crescimento que joga o espectador no funcionamento da máfia e do tráfico de drogas francês. Além dele, o veterano Niels Arestrup se destaca como o italiano César Luciano, líder dos corsos na cadeia e de uma rede fora dela.

A mão do diretor e do roteirista Thomas Bidegain, porém, que mantém o filme envolvente. O tempo todo, a atmosfera é pesada e, até mesmo os momentos de realismo fantástico que poderiam tornar o filme mais leve, contribuem para a sensação eterna de clausura. Ponto forte também para a baixa contextualização. Ao invés de optar por soluções simples que expliquem o tempo e o espaço, Audiard simplesmente joga o espectador na virada do milênio europeu e cabe a ele captar nuances e entender a dinâmica francesa.

O Profeta, assim como A Fita Branca poderia facilmente ganhar o Oscar que concorreu no início do ano. Entretanto a concorrência com O Segredo de Seus Olhos deu o prêmio para Campanella. Ainda assim, é uma obra muito impactante e que vale cada segundo na sala e cada ano de espera por um novo trabalho de Jacques Audiard.

Nome Original: Un prophète (2009)
Diretor: Jacques Audiard
Roteiro: Thomas Bidegain e Jacques Audiard
Elenco: Tahar Rahim, Niels Arestup.
Duração: 155 min

Por André Sobreiro
Editor-chefe