André Sobreiro | 24 de março de 2010

Um Sonho Possível

A atriz Sandra Bullock já esteve no futuro ao lado de Stallone. Já pilotou um ônibus em alta velocidade. Mas são as comédias românticas que lembram a maior parte da carreira. Mas será que bastava um filme meloso para a atriz ser reconhecida como a melhor do ano? A resposta é sim, porém não. Um […]

A atriz Sandra Bullock já esteve no futuro ao lado de Stallone. Já pilotou um ônibus em alta velocidade. Mas são as comédias românticas que lembram a maior parte da carreira. Mas será que bastava um filme meloso para a atriz ser reconhecida como a melhor do ano? A resposta é sim, porém não. Um filme meloso deu o Oscar para a atriz. Mas para isso, ela precisou se reinventar.

E é isso o que vemos no filme Um Sonho Possível, baseado em uma história real. Bullock vive Leigh Anne, uma designer sulista, cristã, republicana, casada com Sean e mãe do pequeno SJ e da adolescente Collins. Uma típica família que vê sua história mudar com o surgimento de Michael (o enorme Quinton Aaron) na escola das crianças.

Leigh Anne conhece o moço e se sensibiliza com sua história e o leva para sua casa. A partir disso, tanto ela quanto o jovem passam a viver, em simultâneo, o passado turbulento que ele teve graças à mãe alcoólatra e a construção do futuro e a adaptação do jovem à uma nova realidade.

E é nesse cenário que Bullock ganha sua projeção. A atriz se apóia em todos os estereótipos na construção de sua personagem e desenvolve uma perua caipira muito divertida. A reinvenção da atriz, porém, fica por conta da construção dramática da personagem. Conforme o filme se desenvolve, Michael vai se abrindo, e seus conflitos e opiniões vão aparecendo.

Com isso, os questionamentos da mulher também crescem e aqui temos o grande mérito de Bullock: estimular a reflexão do drama da personagem sem cair num filme piegas. Um Sonho Possível, e The Blind Side, apesar da ligação óbvia com o futebol americano não teria um correlato em português que atraísse público, é um filme sobre transformações que as boas ações causam. E isso de uma maneira leve e bem-humorada (mérito só não é total de Sandra Bullock, pois o pequeno SJ rende momentos hilários). Um daqueles filmes para assistir e sair sorrindo e feliz do cinema.

Quanto ao Oscar? Atuar é se transformar (com ou sem nariz postiço). E Sandra Bullock realmente se transformou. Era sim seu momento.