André Sobreiro | 22 de dezembro de 2009

Avatar

Quanto se cria muita expectativa numa obra, das duas uma: ou é uma tentativa de gerar assunto antes por que a obra final é ruim ou então é tão bom que a confiança é extrema. Confesso que quando ficou incontrolável a discussão em torno de Avatar, fiquei bem receoso. Uma revolução visual, uma nova maneira […]

Quanto se cria muita expectativa numa obra, das duas uma: ou é uma tentativa de gerar assunto antes por que a obra final é ruim ou então é tão bom que a confiança é extrema. Confesso que quando ficou incontrolável a discussão em torno de Avatar, fiquei bem receoso. Uma revolução visual, uma nova maneira de fazer cinema, a consagração definitiva do 3D eram apenas alguns dos elogios que o filme recebia.

Expectativas nas alturas, cinco horas de espera no shopping, o filme. E um queixo caído. Avatar é isso tudo que dizem e mais um pouco. Mas começo pelo porém: não espere uma história revolucionária. Se você chegar à essência dela, é um casal água com açúcar com um impeditivo. Nada muito diferente de Jack e Rose de Titanic. Mas que fique claro, que não é uma grande falha. Grandes amores com impeditivos existem desde sempre e a eternidade de Romeu e Julieta prova seu valor. Dito isso, vamos aos elogios que não são poucos.

Avatar, pra começo de tudo tem o grande mérito de envolver. E isso para um filme de 2 horas e 46 minutos não é pouco. Para isso, Cameron utilizou toda a tecnologia ao seu alcance – e mais algumas desenvolvidas para a obra – na criação de Pandora, uma lua que orbita ao redor de Polyphemus, habitada por humanóides azuis de 3,5 metros de altura chamados de Na´vi. O subsolo dessa lua é rico em um mineral chamado unobtainium e uma missão é enviada da Terra para conhecer Pandora e encontrar esse mineral.

Dentro dessa missão, somos apresentados a personagens centrais na obra como o coronel Miles Quaritch, que não hesita em destruir a população local em busca do minério, a pesquisadora Grace Augustine, que chefia uma equipe de estudos do meio ambiente e atua com os Avatares, seres com aparência Na´vi e DNA de humanos, dentre eles o ex-fuzileiro naval, Jake Sully, que substitui o irmão gêmeo Tom, que deveria assumir o Avatar. Paraplégico, o ex-fuzileiro se deixa seduzir pela promessa de voltar a andar de Quatrich e aceita usar seu Avatar para espionar o território dos Na´vi.

Jake, porém em sua missão acaba se envolvendo com o clã Omaticaya e em especial com Neytiri, encarregada de treiná-lo para ser parte um deles. E o que seria uma missão profissional, acaba se transformando em uma nova chance de vida para Sully. E daqui pra frente vira spoiler.

O que mais impressiona nessa história, uma ficção-científica ligada com os problemas atuais (e sim, eu acho que a questão da sustentabilidade e de salvar o planeta foi uma boa saída) é seu realismo. Cameron se empenhou em criar toda uma fauna, uma flora, costumes e tradições para Pandora e seus habitantes. As primeiras cenas de Jake como seu avatar, descobrindo o território impressionam pelo realismo.

Em resumo, já que poderia descrever a obra por horas a fim Avatar não traz para o cinema a revolução da história e sim em sua maneira de contar. Em uma época que a concorrência com downloads é desumana, criar todo um universo desse porte e prender o espectador na cadeira do cinema – e principalmente, estimular o público a querer ver em 3D – é sim uma proeza. Vale cada segundo sentado na sala do cinema. Que, aliás, passam bem rapidinho.