André Sobreiro | 2 de novembro de 2009

Distrito 9

Se você parar e olhar o histórico dos filmes de ETs, vai notar que eles têm um senso de geopolítica e de história incrível. Torre Eiffel, Casa Branca, Empire State. Nada escapa dos raios mortais dos nossos amiguinhos verdes. Neill Blomkamp, com o aval de Peter Jackson, no entanto, acaba de colocar isso por terra […]

distrito9Se você parar e olhar o histórico dos filmes de ETs, vai notar que eles têm um senso de geopolítica e de história incrível. Torre Eiffel, Casa Branca, Empire State. Nada escapa dos raios mortais dos nossos amiguinhos verdes. Neill Blomkamp, com o aval de Peter Jackson, no entanto, acaba de colocar isso por terra com seu Distrito 9.

No filme, os camarões (como eles são carinhosamente chamados), não vieram destruir a Terra. O que aconteceu foi que sua nave quebrou. E ficou parada no ar por duas décadas. Bem em cima de Johanesburgo, na África do Sul. E lá ficaram.

Foram os seres humanos que chegaram lá, abriram e encontraram uma multidão desnutrida. E levaram pra Terra em uma área própria deles (o Distrito 9 do título). O que eles não contavam é que aquilo sairia do controle. Para resolver esse problema social causado por uma população de quase dois milhões de extraterrestres, uma equipe da MNU, encabeçada por Wikus Van De Merwe, tem como missão levar essa população para um novo acampamento.

O filme, que mistura a linguagem de documentário, com a do jornalismo, além da do próprio cinema (esse trio, aliás, uma evolução daquele enjôo que causa Cloverfield), traz uma sensação forte de realidade, reforçada pelo elenco desconhecido. Não existe um Will Smith salvando o mundo.

Existe sim um Wikus, personagem das mais complexas que já vi que, em momento algum se firma como mocinho ou como vilão, mas apenas um ser em busca de sobrevivência. Esse, aliás, é um dos fortes méritos do filme: a necessidade de sobrevivência de Wikus e também do camarão Christopher, ambos excluídos. Bastante realista, Distrito 9 tem a proeza de tornar aquela ficção científica em algo totalmente verossímil e reflexivo.